Acredite: a inveja tem seu lado bom e positivo. O sentimento pode ser encarado como um impulsionador para a realização de ações benéficas ao “invejoso”. Explicamos direitinho, a seguir, como isso se dá exatamente.
O lado bom da inveja
Para compreender melhor, basta enxergar a inveja como o ato de admirar e usá-la para uma autoevolução. “Quando sentimos admiração, a atenção está direcionada à inspiração e ao desejo de seguir pelo mesmo caminho. Faz com que, mesmo que inconscientemente, busquemos formas de promover uma mudança em nossa vida para nos aproximar do que queremos”, expõe Tami Lopez, mestre em programação neurolinguística.
Imagine a seguinte situação: um rapaz nota que seu vizinho trocou de carro, adquirindo um bem melhor do que o seu; o que desperta nele a inveja. O rapaz tem dois caminhos para seguir: o primeiro é reconhecer o que causou a inveja e tentar alcançar aquilo que ele quer (no caso, um carro melhor). “Esse trabalho não é fácil. Muita gente não consegue perceber que está com inveja e secretamente deseja que algo ruim aconteça”, afirma a psicóloga.
O segundo caminho é deixar-se levar por sentimentos ruins e depreciativos de tudo que o vizinho tem, o que não vai trazer nada de bom para ele, mas pelo contrário. “Existe a possibilidade de trabalhar o sentimento do invejoso para ele reconhecer que não tem aquilo que inveja, gostaria de ter e aceitar essa condição. Pensando desse jeito, podemos dizer que existe a possibilidade de transformar a inveja em algo bom”, complementa a psicóloga Maria Cristina Simões.
Sair da zona de conforto
Outro ponto de vista é analisar a inveja como uma forma de ambição que, se bem dosada, serve para tirar o indivíduo da zona de conforto e buscar mudanças positivas em sua vida. “No trabalho, por exemplo, quando almejo atingir uma posição elevada e começo a ter comportamentos que me levem àquela posição, podemos dizer que foi uma ambição positiva. Qualquer um pode almejar o sucesso em uma determinada área e mesmo assim não desejar o mal a outra pessoa”, exemplifica o coach William Ferraz.
Contudo, direcionar um sentimento tão profundo como a inveja não é algo muito simples, como explica a psiquiatra Hebe de Moura: “requer disciplina, vontade, ânimo, força, determinação, persistência e uma série de virtudes que muitas pessoas não querem usar. Preferem se acomodar, reclamar ‘da injustiça da situação’ e sofrer porque alguém tem o que elas querem, em vez de trabalharem para desenvolverem seu potencial”.
Independentemente da forma positiva que a inveja será usada, o primeiro passo é identificá-la, para, assim, tentar administrá-la. “Reconhecer quando um sentimento ruim está te consumindo exige constante treinamento e reflexão. Quando não se faz isso, a pessoa pode querer destruir a outra para alcançar alguma conquista”, ressalta Maria Cristina.
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Texto: Natália Negretti – Entrevistas: Vitor Manfio/Colaborador – Edição: Victor Santos
Consultorias: Hebe de Moura, psiquiatra; Maria Cristina Dancham Simões, psicóloga; Tami Lopez, mestre em programação neurolinguística; William Ferraz, master coach especialista em inteligência emocional e programação neurolinguística.