Quem nunca parou alguns instantes para admirar as nuvens e acabou identificando um monte de formas inusitadas, como animais, pessoas e objetos? A habilidade de ver o que não existe em lugares curiosos chama-se pareidolia e é uma forma de o cérebro “pregar uma pegadinha” em nossa mente ao interpretar estas “artes” abstratas.
Você tem pareidolia?
A pareidolia faz parte da apofenia, um fenômeno psicológico que nos faz enxergar conexões entre coisas aleatórias. Neste caso, criamos significados distintos a um estímulo que não tem nada a ver com a realidade; ou você se convenceu que é realmente um coelho gigante flutuando lá no céu?
Apesar de parecer coisa de maluco ou de gente muito criativa, a psicóloga Maria Lucia de Bustamante Simas explica que, segundo a linha de estudos Gestalt de psicologia, no campo da percepção, há uma preferência do sistema visual e auditivo em perceber padrões, chamado de organização perceptual.
“Esta tendência de perceber padrões na natureza é tão forte que se tornou uma das características cada vez mais investigadas e desvendadas nos estudos do cérebro nas neurociências”, destaca a especialista. Sendo assim, ver formas e atribuir padrões a estímulos aleatórios é algo natural, inerente ao sistema sensorial.
Como surgiu?
Segundo uma teoria científica, a pareidolia teria surgindo durante a evolução do homem para suprir a necessidade de reconhecer amigos e inimigos.
Cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, fizeram uma experiência ao monitorar as atividades cerebrais de algumas pessoas e constataram que a área fusiforme de faces (FFA, em inglês) – que entre várias funções, está envolvida no reconhecimento facial – é a responsável por esta manifestação.
Mais um indício de que este fenômeno não é nada anormal, já que o cérebro humano possui ligações que permitem reconhecer rostos. Havendo qualquer indício de um face, o cérebro tende a interpretar a imagem como sendo um semblante.
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Texto e entrevistas: Natália Negretti