O DIU, dispositivo intrauterino, um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis atualmente, ainda é alvo de muitas dúvidas e desinformação, que acabam afastando pessoas que poderiam se beneficiar de forma segura e prática desse recurso. Por isso, o médico ginecologista e obstetra Alexandre Rossi esclarece as principais dúvidas sobre o uso.
“Com acesso à informação de qualidade e acompanhamento profissional, o DIU pode representar uma alternativa prática, eficaz e de longa duração para quem busca mais autonomia e tranquilidade na escolha de um método contraceptivo”, avalia o médico responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
Mitos e verdades
1. Pode colocar DIU só quem já tem filhos
Mito. A mulher não precisa ter tido filhos para colocar DIU. Evidências científicas indicam que ele é seguro inclusive para adolescentes ou pessoas de todas as faixas etárias e que nunca engravidaram.
2. O DIU causa infertilidade
Mito. O DIU não causa infertilidade e nem aumenta o risco de infecções, desde que a colocação aconteça corretamente e a paciente faça o acompanhamento ginecológico de forma adequada.
3. O DIU ajuda a tratar endometriose
Verdade. Além da função contraceptiva, o DIU hormonal também contribui com o tratamento de algumas condições, como endometriose, adenomiose e sangramentos uterinos anormais, o que amplia ainda mais seu papel na saúde ginecológica.
Tipos de DIU
Existem dois principais tipos do método contraceptivo: o de cobre e os hormonais. Com a inserção realizada adequadamente por um médico, os dispositivos têm duração que varia de 3 a 10 anos, dependendo do tipo. De acordo com o ginecologista, a principal diferença entre eles está no funcionamento.
“O DIU de cobre atua alterando o ambiente uterino, dificultando a movimentação dos espermatozoides e impedindo a fecundação, enquanto o DIU hormonal libera pequenas quantidades de levonorgestrel, que afina o endométrio e espessa o muco do colo do útero, dificultando a entrada dos espermatozoides”.
Como escolher?
A escolha do tipo de DIU deve levar em consideração o histórico de saúde da paciente, seu perfil hormonal, características do ciclo menstrual, além de possíveis desconfortos com sangramentos e preferências pessoais.
“O DIU de cobre, por não conter hormônios, costuma ser indicado para quem prefere métodos não hormonais ou tenha alguma contraindicação ao hormonais. Este DIU, em alguns casos, aumenta o fluxo menstrual e pode ocasionar cólicas, especialmente nos primeiros meses após a colocação”, orienta Alexandre.
No caso dos dispositivos hormonais, tendem a reduzir significativamente o sangramento e as cólicas, podendo inclusive suspender a menstruação por completo. Por isso, pacientes que sofrem constantemente com cólicas e TPM podem utilizá-lo para alívio desses sintomas.
“É importante explicar que, em caso de não adaptação ou sintomas excessivos, a retirada pode ser realizada a qualquer momento, sem que seja necessário aguardar o fim de sua vida útil”, ressalta o especialista.
Como ocorre a colocação?
A colocação do DIU pode ser feita tanto em consultórios médicos quanto em hospitais, conforme a necessidade da paciente. Para início do uso, em geral, recomenda-se que a colocação ocorra durante o período menstrual, descartando a gravidez e facilitando a inserção pela dilatação do canal cervical. A paciente também pode colocar o dispositivo logo após o parto, aborto ou imediatamente após a troca de método anticoncepcional.
