As doenças inflamatórias intestinais (DII) são aquelas que acometem os intestinos, podendo também afetar outras partes do trato digestivo. São duas as principais: a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn (DC).
Essa segunda afeta mais de 10 milhões de pessoas no mundo, sendo assim muito importante saber mais sobre ela, suas causas e tratamentos. Veja essas informações a seguir:
O que é a doença de Crohn
A DC caracteriza-se por uma inflamação crônica, de caráter recorrente, que pode acometer da boca ao ânus, com frequente comprometimento da região ileal (parte final do intestino delgado). Ela aparece com maior predominância entre 20 e 40 anos de idade, com forte impacto na qualidade de vida e na atividade social, laboral e econômica.
A maioria dos pacientes apresenta dor abdominal e/ou diarreia crônica (mais de 4 semanas), podendo haver muco ou sangue nas fezes e perda de peso. Cerca de 25 a 50% dos pacientes podem apresentar manifestações extraintestinais (nas articulações, pele e olhos, principalmente).
“Alguns pacientes com DC podem evoluir com complicações, como estenoses (estreitamentos no intestino que impedem a passagem dos alimentos) e fístulas (comunicação anormal entre duas ou mais estruturas do corpo que, em condições normais, não comunicam entre si), principalmente na região próximo ao ânus”, alerta dr. Matheus.
Segundo Matheus Freitas Cardoso de Azevedo, doutor em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a doença não tem cura. Contudo, é possível, para grande parte das pessoas, viver uma vida normal com o tratamento adequado. Por isso mesmo é importante consultar um médico logo que os sintomas aparecerem.
Causas e tratamentos da doença de Crohn
O especialista explica que não se sabe ao certo a causa da doença. Contudo, ela parece ser resultante de uma interação complexa entre fatores genéticos, fatores ambientais e a microbiota (flora) intestinal.
Segundo ele, alguns estudos apontam para maior risco da DC em pacientes expostos a antibióticos de forma recorrente na infância. Em casos assim, a amamentação pode ser um fator protetor para DII em bebês.
Outra causa muito comum em países desenvolvidos é o consumo de alimentos industrializados, ricos em xenobióticos (ex: conservantes, corantes e aditivos), alimentos ultraprocessados, gordura saturada e carboidratos simples. Pessoas que consomem muito este tipo de alimento estão sob maior risco em desenvolver a DC.
Já sobre os tratamentos, eles devem sempre ser multidisciplinares e específicos para cada paciente. Isso pode incluir medicamentos, acompanhamento médico e dieta, por exemplo. Nessa questão da alimentação, é essencial evitar alimentos que podem agravar os sintomas.
De uma forma geral, os pacientes com DC devem manter dieta rica em fibras, frutas, vegetais e proteínas (dieta mediterrânea), além de evitar alimentos gordurosos, carboidratos simples, alimentos processados e ultraprocessados. “Os pacientes devem ainda seguir um estilo de vida saudável, praticando atividade física, preservando a qualidade do sono, evitando tabagismo, excesso de bebidas alcoólicas e manutenção da saúde mental”, complementa o especialista.
