Com o mês de junho chega o clima de festa, fogueiras, fogos de artifício e culinária típica das celebrações juninas. Mas, junto com a tradição, cresce também o número de atendimentos por queimaduras, principalmente nas mãos, uma das partes mais vulneráveis e, frequentemente, expostas do corpo.
O ortopedista Maurício Leite, ortopedista, cirurgião de mão e punho, explica que os riscos associados às queimaduras vão muito além da dor momentânea. “As mãos são estruturas extremamente complexas. Quando há dor, dificuldade de movimento, rigidez, dormência, formigamento ou perda de força, esses são sinais de alerta para problemas que, se não tratados, podem evoluir para complicações importantes e até limitações definitivas de função”, afirma.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), acidentes com queimaduras são um problema de saúde pública no Brasil. De janeiro a março de 2024, o país registrou 4.809 internações por queimaduras, média de 52 registros por dia, de acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares e Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Primeiros socorros podem fazer a diferença
Na eventualidade de uma queimadura, o especialista orienta que o primeiro passo é manter a calma e colocar a área afetada em água corrente e fria por 5 a 10 minutos. “Isso ajuda a reduzir a temperatura da pele, limitando os danos aos tecidos e impedindo que a queimadura se agrave”, explica Maurício. Em seguida, deve-se fazer um curativo com gaze estéril ou, na ausência dessa, um pano limpo, protegendo a região até o atendimento médico.
“O uso de substâncias como pasta de dente, pomadas caseiras, manteiga ou banha devem ser evitados, pois podem agravar a lesão e dificultar o diagnóstico e o tratamento correto”, alerta o médico. Em casos de dor intensa, pode se utilizar um analgésico, desde que faça parte da rotina de uso do paciente.
Casos graves de queimadura
As queimaduras costumam ser classificadas como de primeiro grau, segundo grau e terceiro grau, de acordo com a profundidade das lesões. Assim, dependendo da gravidade, o tratamento pode exigir procedimentos complexos. “Queimaduras de primeiro e segundo graus são as mais comuns e, geralmente, são tratadas com trocas recorrentes de curativos, protegendo a pele e prevenindo infecções”, afirma o ortopedista.
Nos casos mais graves, com lesões de terceiro grau, pode ser necessária a realização de cirurgias para retirada de tecidos necrosados, além de enxertos ou retalhos para reconstrução da pele, especialmente quando há exposição de tendões, nervos ou ossos.
Cuidados para prevenir acidentes
Durante as festas juninas, é essencial manter a vigilância ao lidar com fogos, fogueiras ou utensílios quentes. Confira algumas dicas simples para manter a segurança e evitar acidentes:
- Evite que crianças manuseiem materiais inflamáveis;
- Mantenha distância segura do fogo,
- Use utensílios apropriados para cozinhar.
Em caso de queimaduras, procure atendimento médico imediato. O cuidado rápido e adequado é decisivo para a recuperação da função e para evitar sequelas.
