Existem casos nos quais sentir-se ansioso pode ultrapassar os limites físicos e psicológicos, gerando um distúrbio capaz de atrapalhar a rotina. Mas, antes de tudo, vamos conhecer o significado da ansiedade, que tem atingido cerca de 33% da população em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A ansiedade é um efeito orgânico comum de preocupações, medos e exigências, que provoca liberação de cortisol e adrenalina, acelerando o corpo para atacar ou fugir. Imagine se um animal ficar indiferente às ameaças: quanto tempo duraria em uma selva? Nesses termos, a ansiedade teria sido um dos mecanismos psicológicos e orgânicos que permitiu a sobrevivência da espécie”, exemplifica o psicólogo clínico e hipnoterapeuta Bayard Galvão.
Compreendendo melhor o processo
O neurologista e mestre em neurociência Martin Portner tem um exemplo prático de como a ansiedade começa a se manifestar no corpo e como a pessoa afetada pode se sentir. “Imagine que você deu falta de seu cartão de crédito e decide cancelá-lo via aplicativo de celular. A operação é bem sucedida e o cartão não poderá mais ser utilizado – você usou um mecanismo de segurança no momento e na forma correta. Agora, suponha que você faça isso diariamente, cancelando seus cartões assim que os novos chegam. Você perderá horas preciosas nesse processo – e deixará de fazer coisas mais importantes e necessárias”.
Ainda segundo o especialista, dessa mesma maneira, o cérebro possui um mecanismo de segurança destinado a nos proteger. “Esse mecanismo cria uma reação de alerta que filtra as informações que entram pelos sentidos e diminui a quantidade de pensamentos naquele momento. O corpo, no mesmo compasso, entra em um estado propício para o gasto extra de energia – por exemplo, dar a meia volta e iniciar uma fuga ou colocar o sistema muscular em posição de luta. Algumas pessoas entram e saem desse sistema de alerta sem tempo para recuperação e mergulham no que chamamos de estado de ansiedade”, finaliza.
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Consultorias: Bayard Galvão, psicólogo clínico e hipnoterapeuta; Luciana Kotaka, psicóloga; Martin Portner, neurologista e mestre em neurociência; Paulo Paiva, palestrante, psicanalista e coach especialista em gestão de pessoas.
Texto: Paula Santana – Edição: Augusto Biason/Colaborador