Um estudo realizado na Universidade Aarhus e na Universidade de Copenhague, ambas na Dinamarca, apontou que as mesmas regiões onde os neurônios espelhos agem também estão associadas à compreensão das ações.
Participaram do experimento 20 adultos que tiveram as atividades cerebrais observadas três vezes. Na primeira, passaram por uma ressonância magnética para registrar os padrões de ativação das redes de neurônios. Na segunda e na terceira vezes, eles receberam estimulação magnética no sistema motor e, em seguida, assistiram a vídeos em que os atores simulavam diversos tipos de ação. Após cada cena, os voluntários deviam escolher a foto de um objeto que estivesse relacionado ao que haviam assistido.
Ao estimularem as regiões onde os neurônios espelhos se situam, os participantes tinham dificuldade com a tarefa. Usando esse método, os pesquisadores encontraram evidências de que a mesma área ativada quando se executa uma ação contribui para a compreensão das ações de terceiros.
Autismo e os neurônios espelho
Alterações na funcionalidade dos neurônios espelhos podem ser percebidos com a manifestação de alguns distúrbios. Apesar de ainda não haver comprovação científica, estudos apontam que a disfunção desses neurônios é encontrada em pessoas com dificuldade de aprendizado e com problemas psiquiátricos, além de autistas.
Em 2005, um estudo liderado pelo neurocientista indiano Vilayanur Ramachandran levantou a possibilidade de que, no cérebro autista, a capacidade de copiar o que o outro faz estaria afetada. “A partir disso, muitos outros estudos mostraram diversas disfunções da atividade espelho em indivíduos autistas, o que fortaleceu a hipótese dos espelhos quebrados, postulando que no autismo haveria uma deficiência na propriedade espelho do cérebro”, conta o neurocientista Danilo Marques.
No entanto, ainda não há conclusões do porque deste distúrbio neurológico. “É incerto se, afinal, os espelhos estão realmente quebrados ou apenas ‘esperando ser acordados’. Caso estejam dormentes, é possível que existam maneiras de resgatar tal atividade e melhorar muito o quadro autista. Realmente ainda existe muita pesquisa a ser feita na neurociência do autismo”, conclui Marques.
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Texto e entrevista: Natália Negretti – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: Danilo Benette Marques, neurocientista na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP)