Como uma das principais disfunções cerebrais durante uma crise de ansiedade é a queda dos níveis de serotonina (neurotransmissor responsável por regular o sono e o humor), os medicamentos buscam atuar nesse sentido. As substâncias são chamadas de inibidores da receptação serotoninérgica (como fluoxetina, paroxetina, sertralina e citalopran), utilizados também contra a depressão.
Além disso, os antidepressivos podem agir como um escudo pois, segundo o psiquiatra Adiel Rios, a cada crise, o corpo é levado ao extremo com uma série de sintomas. “Principalmente a liberação de cortisol, que pode afetar áreas cerebrais e prejudicar no futuro a memória e até predispor a doenças neurodegenerativas”, indica o especialista.
No entanto, Rios explica que, se o quadro estiver avançado, será preciso recorrer para antidepressivos mais modernos, os duais (velataxina e a duoxetina).
Outra opção em casos alarmantes é a utilização dos benzodiazepínicos para combater os sintomas com resultados mais imediatos, “como clonazepan, rivotril e aprazolan, mas com devido cuidado para não levar a uma dependência”, conclui Adiel.
Prós e contras
Optar pelo tratamento medicamentoso nem sempre é uma escolha fácil, visto que o processo se dá por meio de substâncias bastante fortes que agem diretamente em funções cognitivas. Por isso, é importante colocar na balança as reais necessidades do paciente conforme a intensidade dos sintomas, pois podem haver efeitos colaterais.
“É comum sentir náusea ou cefaleia (dor de cabeça), que ocorrem apenas na primeira semana de tratamento. Durante a intervenção, pode haver aumento de peso e queda da libido”, explica o psiquiatra Edson Hirata. Mas o especialista garante que são efeitos controláveis.
Por outro lado, a principal vantagem de utilizar remédios contra a ansiedade é que eles são capazes de aliviar um momento de sofrimento durante uma crise, como é o caso dos benzodiazepínicos.
Já em relação aos inibidores seletivos da receptação de serotonina, segundo o psiquiatra Adiel Rios, os benefícios se mostram a longo prazo. “Você vai estar fazendo um tratamento efetivo para a ansiedade — o cérebro terá uma nova capacidade de melhor neuromodular e gerir os neurotransmissores, ou seja, regular a serotonina e diminuir os níveis dos sintomas”, explica.
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Texto: Giovane Rocha/Colaborador – Entrevistas: Natália Negretti – Edição: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Adiel Rios, médico psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo (SP); Edson Hirata, psiquiatra do Hospital Santa Cruz, em São Paulo (SP); Sander Fridman, psiquiatra do Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro (RJ).