O estudo Women in the Workplace 2023 revelou que as mulheres sofrem mais microagressões no ambiente de trabalho do que homens. Tratam-se de comentários e atitudes intencionais ou não, como piadas depreciativas, apelidos indesejados e interrupções de fala, que demonstram preconceito e discriminação.
De acordo com a pesquisa, realizada pela consultoria internacional de gestão McKinsey, em parceria com a LeanIn.Org, as mulheres são duas vezes mais confundidas como sendo profissionais de escalão inferior e, na mesma proporção, de ouvirem comentários maldosos sobre seu estado emocional.
Por conta disso, 78% das mulheres que sofrem microagressões acabam mudando sua aparência ou comportamento para se autopreservar. “Muitas mulheres ajustam sua maneira de falar ou agir – ou suavizam o que dizem ou fazem – a fim de se “enturmarem”, passar despercebidas ou evitar reações negativas no trabalho”, constata a McKinsey.
Mulheres negras são duas vezes mais propensas a agir dessa forma, enquanto as mulheres LGBTQIA+ se sentem 2,5 vezes mais induzidas a mudar sua aparência para serem percebidas como mais profissionais. Como consequência, o grupo feminino é três vezes mais sujeito a deixar o emprego e quatro vezes mais vulnerável a crises de burnout.
Como lidar com esse cenário?
Sutis ou não, as agressões verbais criam um ambiente de insegurança psicológica que afasta os talentos das organizações e o espírito colaborativo essencial à inovação e produtividade. Essa forma de violência pode acabar escalando para agressões maiores, assinala Patricia Ansarah, CEO do Instituto Internacional de Segurança Psicológica (IISP). Ela explica que a tolerância às microagressões vai dando espaço e permissão, para que comportamentos desrespeitosos e inapropriados continuem acontecendo.
“Quando as pessoas se dão conta, este virou o ‘jeito de ser’ daquele time, liderança e empresa. É fundamental que estes comportamentos sejam cortados desde o início, porque cria um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, além de prevenir a escalada para comportamentos mais graves e prejudiciais”.
Abaixo, a especialista listou dicas que ajudam a combater essas microagressões:
- Trate as pessoas da mesma forma que você gostaria de ser tratado, evite comentários depreciativos e consulte a pessoa sobre o tratamento permitido.
- Projete definições claras de comportamentos inadequados, isso envolve situações e comentários considerados fora dos limites.
- Institue ações de educação e sensibilização constante envolvendo liderança e equipe.
- Crie canais de escuta para encaminhamento de denúncias, garantindo sigilo, apuração imparcial e encaminhamento de ações.
- Faça intervenção imediata em casos detectados de agressão.
- Estabeleça sanções para atitudes inapropriadas definidas de acordo com a gravidade da infração.
![](/assets/logo-header-small-new.png)