A esporotricose, popularmente conhecida como “doença do jardineiro”, é uma micose profunda causada por fungos da família Sporothrix, que atinge tanto humanos quanto animais, principalmente os gatos. A infecção ocorre quando o fungo penetra camadas profundas da pele, geralmente por meio de cortes ou arranhões.
No fim de janeiro deste ano, a condição passou a fazer parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória. O médico-veterinário Adolfo Sasaki, presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), espera que, com isso, iniciativas públicas e maior conscientização da população resultem em melhor controle da doença.
Sintomas da esporotricose
Em humanos, os sintomas variam de lesões cutâneas semelhantes a picadas de mosquito até formas graves, como a pulmonar, que pode ser confundida com tuberculose. Os sintomas incluem feridas na pele, febre, dor e, em casos graves, dificuldades respiratórias.
Nos gatos, a esporotricose é ainda mais agressiva, com feridas ulceradas que evoluem rapidamente, podendo atingir o sistema linfático e órgãos internos. As lesões ulceradas são o primeiro sinal, seguidas de secreções, falta de apetite e letargia.
Segundo a médica-veterinária Farah de Andrade, consultora da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, em ambos os casos, o diagnóstico precoce é fundamental. “Quanto mais rápido o diagnóstico, maiores as chances de cura. A esporotricose tem taxas de cura superiores a 90% quando tratada adequadamente”, reforça.
Como prevenir?
As principais medidas preventivas da esporotricose são:
- Manter os animais dentro de casa;
- Realizar passeios apenas com supervisão;
- Castrar os pets para evitar fugas e contato com outros animais;
- Utilizar luvas ao manipular terra, plantas ou animais suspeitos,
- Isolar e desinfetar diariamente o ambiente de animais em tratamento.
Medidas de tratamento
A conscientização sobre a doença, o diagnóstico precoce e o tratamento correto são fundamentais para frear o avanço da esporotricose. Existe tratamento para esporotricose, porém, ele é longo e os felinos não costumam aceitar a administração de remédios facilmente. Por isso, a manipulação de medicamentos é uma excelente alternativa. Fórmulas com flavorizantes, como salsicha, linguiça ou frango e formas farmacêuticas, como pasta oral ou molho, facilitam a adesão ao tratamento.
Gatos: vítimas, não vilões
A associação equivocada entre gatos e a transmissão da esporotricose tem levado a atitudes extremas, como o abandono e até o sacrifício desses animais. “Assim como ocorreu com os macacos durante a febre amarela em 2018, os gatos estão sendo injustamente culpados. Eles são vítimas da doença, não os responsáveis por sua disseminação”, alerta Farah.
O abandono de animais doentes, além de ser crime de maus-tratos, agrava a situação. “Ao descartar um gato com esporotricose, o responsável não só condena o animal, mas também cria novos focos da doença, contaminando o ambiente e colocando outras vidas em risco”, explica Sasaki.
