Ter um cartão de crédito na carteira pode ser, muitas vezes, uma “mão na roda” para os consumidores. No entanto, o item também requer atenção quanto ao seu uso para não atrair dívidas, especialmente em um cenário de crise como o atual.
De acordo com o Banco Central, o rotativo do cartão de crédito — que é quando o consumidor não consegue pagar a fatura completa até o vencimento —, registrou R$ 159,3 bilhões em novos empréstimos no primeiro semestre do ano. Esse é o maior nível para o período desde 2014, quando foram concedidos R$ 174,7 bilhões, considerando a correção pela inflação.
“De fato, o cartão de crédito acaba sendo uma forma prática de conseguir pagar qualquer fatura. Mas, é necessário cuidado e cautela no momento de efetuar os pagamentos com esse recurso. Caso contrário, pode acabar se tornando uma “bola de neve” e a pessoa acaba ficando com várias dívidas”, explica o educador financeiro Tiago Cespe.
Nesse sentido, para ajudá-la a prevenir o acúmulo de dívidas, o especialista destaca algumas dicas importantes para você conseguir administrar melhor o seu cartão de crédito. Confira:
Defina um limite no cartão
O primeiro passo para conseguir usar o cartão de crédito corretamente é definir um limite. Para isso, é necessário analisar qual é a renda mensal que você recebe e quanto pode gastar por mês.
Depois, é só entrar em contato com a instituição financeira e pedir para ela travar o limite do cartão no valor máximo que você pode gastar. Esse valor deve conter uma pequena parte reservada para imprevistos.
“É importante não cair em tentações também, pois a operadora pode oferecer um limite maior. Mas, se a pessoa quer evitar gastar descontroladamente, a melhor opção é colocar um limite. Caso aconteça uma fatalidade em um determinado mês e tiver que ser necessário gastar além desse valor, é possível entrar em contato com a central do cartão e mudá-lo”, afirma Cespe.
Atenção com a fatura
Outro ponto importante é sempre conferir a fatura do cartão. Isso ajuda a ver o que foi gasto no mês, se foram feitas compras desnecessárias e que dá para evitar nos próximos meses, e ter uma noção do valor total necessário mensalmente.
“Muitas pessoas também costumam fazer vários cartões de crédito de diferentes instituições ou empresas, e se o consumidor em questão for do tipo que gasta desenfreadamente, isso pode ser um problema. Pois conforme ele vai ultrapassando o limite de um cartão, ele vai utilizando os outros, e só consegue perceber o estrago no outro mês, quando as faturas chegam”, pontua o educador financeiro.
Contudo, se você for uma pessoa que consegue controlar os gastos, ter várias opções de cartões pode até ser algo positivo, viu? Por meio deles, é possível conseguir alguns benefícios como milhas ou até descontos em determinados produtos. Outra dica, é conhecer o tipo de cartão de crédito que está usando e quais as taxas cobradas pela instituição financeira.
“Por conta da correria cotidiana ou até mesmo pelo desinteresse em saber sobre essas tarifas cobradas pelas operadoras, muita gente acaba pagando por serviços que nem sequer utilizam. Os cartões internacionais, por exemplo, costumam ter anuidades mais caras, e algumas pessoas usam esse tipo de cartão mesmo não tendo a intenção de viajar para o exterior. Então, isso acaba sendo algo que não compensa”, diz Cespe.
Além disso, também existem algumas opções de cartões de crédito que não cobram anuidade. Então, o ideal é pesquisar cada tipo de cartão, seus benefícios e vantagens.
Contas de consumo x cartão de crédito
Com o objetivo de facilitar os gastos do mês, algumas pessoas costumam pagar tudo com o cartão de crédito, pois acham mais fácil ter apenas uma fatura com todos os valores que precisam ser quitados mensalmente. Porém, pagar conta de luz, água e telefone no cartão não é muito vantajoso, pois as administradoras costumam cobrar uma tarifa para esse tipo de serviço.
Sendo assim, o melhor é deixar esse tipo de conta para ser paga com dinheiro ou no débito. “Uma dica importante é procurar profissionais especializados em consultorias financeiras, pois eles são capazes de analisar o perfil do consumidor e oferecem uma orientação sobre como funcionam os cartões de créditos e como utilizá-los”, finaliza o educador.
Fonte: Tiago Cespe, educador financeiro e fundador da Cespe Educação Financeira.