É muito comum sentir saudade da infância e julgar esse tempo como a melhor fase da vida. Afinal, aparentemente, os problemas inexistem. Porém, essa versão sustentada por muitos adultos não é tão verídica assim. A depressão registrada entre crianças é uma descoberta relativamente nova na área da psiquiatria, mas que tem consequências sérias. As crianças, assim como os adultos e até mesmo os adolescentes, estão predispostas à depressão, sem diferença de sexo – enquanto a partir da adolescência, os hormônios deixam as mulheres mais vulneráveis à doença.
Sintomas
Identificar a depressão em uma criança é uma tarefa um pouco difícil, que exige bastante atenção dos pais ou responsáveis. Em estado depressivo, a criança passa a ficar apática, com distúrbios do sono (registrando frequentemente um medo angustiante de dormir sozinho ou quando os pesadelos se tornam constantes), apresenta maior dificuldade em se alimentar e começa a demonstrar um profundo medo e apego aos familiares adultos.
Algumas situações como a separação dos pais, uma mudança de residência, cidade ou escola, ou até mesmo o luto podem desencadear um quadro de estresse na criança, que sem saber lidar com o próprio emocional, passa a manifestar no corpo o sofrimento, se queixando de dores na cabeça, nas costas e na barriga. Cabe ao seu responsável perceber as mudanças no comportamento do pequeno. “Os pais devem sempre prestar atenção ao comportamento de seus filhos, principalmente porque a criança tem grande dificuldade para expressar que está deprimida. Ela não sabe identificar as suas emoções e é o adulto que dá significado às queixas que vão ser nomeadas, como raiva, compulsão, tristeza, ansiedade ou angústia”, explica a psicóloga infantil Beatriz Acampora.
Fraco desempenho escolar
O mau desempenho de crianças na escola sempre foi alvo de estudos, já que muitos podem ser os problemas de aprendizado dos pequenos. Em alguns casos, as notas baixas podem acarretar a realização de exames com oftalmologistas e fonoaudiólogos, ou serem associadas a problemas como hiperatividade e déficit de atenção. Mas, com a descoberta da depressão registrada na infância, essa desatenção, apatia e desinteresse pelas aulas passaram a ser acompanhadas com muita atenção pela professora, porque ela é uma das principais aliadas dos pais para identificar sintomas de depressão em um aluno. Ao contrário de estudantes hiperativos, que não param quietos, e daqueles que possuem o défict de atenção e estão sempre distraídos, mas felizes, as crianças depressivas estão constantemente tristes e não gostam de brincar. Isso pode indicar um sério problema.
A depressão pode ser hereditária?
Com certeza, sim. Embora existam alguns casos agravantes que podem desestabilizar o estado emocional das crianças, é muito maior a possibilidade do acometimento da doença quando já se tem um registro do caso na família. “Na maioria das vezes, existe um componente hereditário responsável por desencadear quadros de depressão infantil”, realça a psicóloga. Além disso, existe uma série de outros fatores que podem abalar o quadro psicológico dos pequenos:
- Morte de alguém querido ou do animal de estimação;
- Divórcio dos pais;
- Dificuldade de adaptação, como mudança de escola, cidade ou residência;
- Abusos sexuais e agressões físicas;
- Bullying e discriminação na escola;
- Cobrança excessiva por parte dos pais por um comportamento considerado correto.
Tratamento
É totalmente possível tratar a depressão infantil tanto quanto qualquer outra manifestação dessa doença. É necessário o acompanhamento dos pais e de um psicólogo infantil. Em casos mais graves, o uso de medicamentos se faz necessário. Se não tratada, a depressão na infância pode se estender à adolescência e até mesmo à vida adulta, fazendo com que aquela sensação se torne algo “natural” para o paciente. Desse modo, ele passa a achar normal que não sinta felicidade, torna-se antissocial e fica mais suscetível ao uso de drogas.
Texto: Redação Alto Astral
Consultoria: Beatriz Acampora, psicóloga infantil
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