Se vivemos hoje em uma sociedade na qual a mulher é parte do sistema democrático, possui direito ao voto, à participação política, à educação e até mesmo à métodos contraceptivos, saiba que não foram conquistas fáceis e muito menos rápidas. A luta feminina pela igualdade dos gêneros arrasta-se por séculos como uma forma de resistência à ideologia patriarcal e como uma ferramenta de transformação social.
A história conta que as funções femininas poderiam ser resumidas à reprodução, aos cuidados com a casa e com os filhos. Desde o momento em que uma menina nascia, sua educação era toda voltada para a execução de um papel social pré-definido, aquele que devia corresponder às expectativas masculinas.
As garotas eram ensinadas que o mais adequado era que fossem obedientes, primeiro aos pais e depois ao marido. Entretanto, mesmo em contextos de dominação e repressão, sempre existiram mulheres dispostas a mudar a história. Por isso, vamos conhecer um pouco mais sobre a história do feminismo:
Nos tempos da Roma antiga, a chamada Lei Ópia, instaurada durante a Segunda Guerra Púnica (218 – 201 a.C.), determinava, por exemplo, que as mulheres romanas não podiam deter riquezas ou vestir roupas com cores chamativas. Foram vinte anos de restrições, até que o Tribuno da Plebe – que atuava no Senado – propôs sua revogação. As romanas demonstraram todo apoio, montaram barricadas nas ruas e pressionaram senadores, organizando manifestações até que a lei fosse derrubada.
O século das luzes
“No século 18, com o trabalho de pensadoras iluministas, defensoras da educação feminina, o mundo deu seu primeiro grande salto em busca da igualdade social, política, cultural e econômica entre os sexos”, analisa Patrícia Rocha, em sua obra Mulheres: sob todas as luzes.
O iluminismo foi um movimento intelectual que defendeu princípios como liberdade, igualdade e fraternidade. Sendo assim, as principais bandeiras femininas, naquela época, eram jurídicas, reivindicando o direito ao voto, ao trabalho e à educação.
Quebrando paradigmas
O pensamento de diversas mulheres no decorrer da história, a luta de muitas delas e as ideologias que adquiriram força no século 18 ganharam nome no século 19: feminismo. Com o pano de fundo de uma sociedade europeia liberal, tal movimento tratou-se (e ainda trata-se) de reivindicações femininas em busca de direitos iguais – tanto sociais, quanto políticos, econômicos e educacionais – entre homens e mulheres.
Pode-se dizer que o feminismo passou por três períodos: o primeiro, com raízes no século 18, efetivo entre o 19 e o 20; o segundo, nas décadas de 1960 e 1970 e o terceiro de 1990 até a atualidade. O surgimento da pílula anticoncepcional foi um marco da década de 60, quando as principais manifestações eram no sentido da liberdade sexual e dos direitos reprodutivos.
Modernidade
O feminismo moderno também busca denunciar a opressão e as injustiças sociais que cercam a figura da mulher, mostrando como uma mentalidade enraizada interfere em suas vidas – questões como a legalização do aborto e o fim do assédio moral e sexual são constantemente citadas. O objetivo continua sendo a igualdade de direitos entre os gêneros.
Muitos avanços são celebrados, entretanto, o movimento feminista ainda possui muitas causas pelas quais lutar. “A mulher se depara, ainda hoje, com esta contradição: por um lado, uma herança histórica que a limitou a ser mãe, esposa; por outro, a possibilidade de escolher seu futuro e se fazer sujeito de sua história, bem como da humanidade, em pé de igualdade com o sexo masculino”, conclui Patrícia Rocha.
SAIBA MAIS
O que é sexismo e como podemos identificá-lo?
10 vezes em que fomos machistas sem perceber
#PorTodasElas e outras campanhas incríveis contra o machismo
Texto: Érika Alfaro Arte: Mary Ellen Machado