O corpo feminino já nasce com uma quantidade determinada de óvulos, que são utilizados no processo de ovulação – momento em que ele fica maduro e é liberado pelo ovário. Quando é fecundado, ocorre a gravidez. Quando não, são expulsos do organismo através da menstruação, ciclo que se repete mês a mês.
Entretanto, a ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana, Maria Cecília Erthal, destaca: “a partir dos 35 anos, ocorre uma perda acentuada da reserva ovariana desses óvulos, chegando a níveis críticos em torno dos 40 anos”, indica. Esse é um dos motivos que fazem do congelamento dos óvulos uma saída para garantir a gravidez sem que haja problemas de fertilização – independente de qual seja a fase de vida da mulher.
1. PARA QUEM É INDICADO?
Dois casos são mais comuns para a procura pelo congelamento de óvulos: para mulheres que, por motivos pessoais, decidam preservar a fertilidade por mais tempo ou em caso de efeito colateral de quimioterápicos. “Isso porque a quimioterapia é tóxica para os ovócitos e leva a uma morte acelerada dos mesmos. Com isso, a reserva de óvulos pode acabar. Tudo depende da dose, tempo de uso e tipo do quimioterápico”, indica Edilberto de Araújo Filho, especialista em Reprodução Humana Assistida. Ainda existem mulheres com histórico familiar de menopausa precoce, que também podem recorrer ao método.
2. COMO É FEITO?
Para começar o tratamento, é feita uma estimulação ovariana – realizada através de hormônios injetáveis por um período médio de 10 dias. Quando eles chegam a um tamanho desejado, é hora de uma punção guiada por ultrassom para a coleta dos óvulos.
3. O QUE ACONTECE DEPOIS?
Quando o óvulo é congelado, ele mantém as características da idade celular em que foi adormecido. “As chances de engravidar correspondem à idade que a mulher tinha quando congelou os óvulos. Por exemplo, se ela congelou aos 20 anos e agora está com 40, as chances dela serão semelhantes à de uma mulher com 20 anos, que gira em torno de 70%”, explica Maria Cecília Erthal,.
4. CABE NO MEU BOLSO?
O procedimento é simples para a mulher, porém o custo ainda é elevado. O valor de um congelamento de óvulos sai em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil. Porém, em alguns casos, como em casos de tratamento de câncer, tratamentos de fertilidade são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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5. COMO OCORRE A FERTILIZAÇÃO?
Quando a mulher decide engravidar após o congelamento dos óvulos, é preciso preparar o endométrio – o tecido que reveste o útero – com hormônios. Isso faz com que a região esteja preparada para receber o embrião. “Quando o útero estiver pronto, no mesmo dia nós descongelamos os ovócitos e pedimos para o parceiro colher o sêmen. Em seguida capacitamos e selecionamos os melhores espermatozoides, que serão utilizados para a fertilização”, indica Lígia Fernanda Previato Araujo, embriologista clínica. Essa fecundação ocorre a partir de uma técnica chamada Injeção Intracitoplasmática do Espermatozoide (ICSI) no óvulo já descongelado. “De três a cinco dias depois, marcamos a data da devolução dos embriões ao útero da paciente”, completa Marcio Coslovsky, ginecologista especialista em Reprodução Humana.
Consultoria Maria Cecília Erthal, ginecologista, obstetra, especialista em Reprodução Humana Marcio Coslovsky, ginecologista especialista em Reprodução Humana; Edilberto de Araújo Filho, especialista em Reprodução Humana Assistida; Lígia Fernanda Previato Araujo, embriologista clínica Texto Jéssica Frabetti