Se as músicas são capazes de provocar estímulos em diversas áreas do sistema nervoso ao mesmo tempo, o que ela pode proporcionar para nossa mente? O neurologista Mauro Muszkat explica que as diferentes estruturas da musicalidade são compreendidas por regiões distintas da mente, gerando reações variadas. “Existem áreas mais especializadas na sequenciação do som (em uma melódica), no entendimento rítmico e também relacionadas à compreensão da narrativa musical como um todo”, completa.
Um exemplo disso são os músicos instrumentistas. Para eles, a música é estruturada como uma linguagem a partir de sua experiência prévia. Dessa maneira, eles são treinados para apreender melodias específicas, harmonias consonantes e outros elementos de maneira racional e organizada.
“Quanto mais experiência, mais domínio você tem das áreas que estão se ocupando com isso. Em linha geral, além das áreas auditivas, estão ligadas às regiões de consciência das áreas sensoriais do cérebro. Músicos ouvem uma música e são capazes de pensar espacialmente”, ressalta Mauro.
Isso implica na alteração no modo que estas regiões se comunicam. “Assim, o aprendizado de instrumentos musicais tem a função de promover a plasticidade neural e auxiliar no tratamento das dificuldades de aprendizagem”, salienta a psicóloga Marcia Mathias.
A capacidade de executar instrumentos musicais também leva ao desenvolvimento cerebral, principalmente da região associada às habilidades motoras. Isso porque, para que uma simples nota seja tocada em um piano, por exemplo, ela deve ser decodificada pela mente e enviar este sinal para as mãos.
“Um instrumentista aumenta a conectividade motora e a rapidez com que processa as questões de associação sensorial e motora. Ele ouve uma coisa e dá uma resposta motora. Por isso, hoje se estuda muito a questão de que aprender música pode facilitar o processamento de outras habilidades”, complementa o neurologista.
Mas a música não beneficia somente quem a executa. Toda canção possui elementos que precisam ser apreendidos para que “façam sentido” em nossa mente – mesmo que seja uma composição simples ou considerada ruim aos ouvidos. Por isso, explica Marcia, ouvir música “estimula a região do cérebro ligada ao raciocínio e a concentração, além de promover a criatividade”.
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Texto e entrevista: Thiago Koguchi – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: Marcia Mathias, psicóloga, psicopedagoga e hipnoterapeuta clínica; Mauro Muszkat, neurologista e neuropediatra