O mistério da vida após a morte com a busca pelo domínio do mal resultaram na criação da fé, colocada em prática por meio de religiões, doutrinas e cultos. “A referência à fé procura tornar o ser humano não apenas capacitado para compreender a realidade, a partir de um referencial simbólico religioso, mas também ter ferramentas práticas (rituais) para tentar ativamente interferir no rumo da realidade”, destaca o psicólogo Wellington Zangari. É neste contexto que surge o exorcismo na História da humanidade.
A História se mistura com a religião
Os séculos depois de Cristo impulsionaram ainda mais a prática de expulsar o coisa ruim dos fiéis:
– Tertulino, um dos primeiros autores cristãos que viveu entre os séculos 2 e 3, relatou um ritual de exorcismo que apresentava a imposição das mãos sobre o possuído, o sopro no rosto dele e a pronúncia do nome de Jesus; passos bem parecidos com a cerimônia atual.
– Em 363, o Concílio de Laodiceia exigiu que os exorcistas só atuassem com a permissão de seus bispos, o que é regra até hoje.
– No século 4, já existia em Roma, na Itália, uma ordem de clérigos especializada em exorcizar espíritos malignos.
– Por volta do ano 500, foi publicada a primeira instrução oficial pela Igreja Católica de como realizar o ritual no documento Statuta Ecclesiae Latinae. É desta época o surgimento de uma crença que convenceu muita gente: os demônios seriam poderes sobrenaturais que desciam dos céus e tinham relações sexuais com as mulheres, ato que resultaria no nascimento de bruxas. Esse tipo de pensamento adentrou nos anos seguintes. Com uma breve consulta aos livros didáticos de História sobre o período da Idade Média é possível conferir como esta época é infestada de acontecimentos tenebrosos, como a peste negra, guerras, fome e bruxas. A interpretação mais natural ao homem pareceu atribuir ao capeta a culpa por tanta desgraça.
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Consultoria: Wellington Zangari, coordenador do Inter Psi – Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos Psicossociais e do Laboratório de Psicologia Social da Religião do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (U SP).
Texto: Natália Negretti