O processo da dor é iniciado, normalmente, em algum tecido lesionado do corpo – pode ser em um órgão, um nervo, na pele, entre outros. Antes de o impulso ser entendido como dor na região do córtex cerebral (a estrutura mais complexa do órgão), ele percorre a medula e várias estruturas cerebrais.
A médica especialista em tratamento de dores, Alexandra Raffaini, explica que “quando ocorre uma lesão, receptores chamados de nociceptores são acionados, causando um disparo doloroso que é transmitido até a medula espinhal. Este estímulo é transmitido de neurônio em neurônio até chegar ao cérebro, onde ocorre a percepção de dor”.
O cérebro, então, possui o papel de responsável pela sensação de dores, independente da região em que a lesão seja feita. “É no cérebro que a informação é detectada e processada; e então temos a sensação da dor. Isso tudo acontece em uma fração de segundo, mas é no cérebro que o estímulo é reconhecido como doloroso”, complementa Alexandra.
Além disso, emoções e memórias (fatores pessoais) podem influenciar também no processo. Uma sensação desagradável de dor já sentida anteriormente pode parecer mais grave se lembranças negativas existirem. “Depois que ocorre a captação dos sinais de dor e o envio ao cérebro, as emoções e as memórias podem modular a percepção desse incomodo”, explicam a neurologista Marcela Jacobina e o neurocirurgião Marcelo Amato.
Dor no cérebro?
Apesar de ser o responsável pela sensação de dor, o mais importante órgão humano não pode senti-la, pois não possui receptores próprios de dor. Ele possui a capacidade de decodificar os sinais e impulsos recebidos de outras áreas, sendo um dos principais participantes do processo.
Quando temos dores de cabeça, elas não são o cérebro doendo, mas sim as estruturas que ficam bem próximas a ele, como as meninges (sistema de membranas que revestem e protegem o sistema nervoso central), os ossos, os vasos sanguíneos e a musculatura da cabeça e do pescoço.
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Consultorias: Alexandra Raffaini, médica intervencionista da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor e especialista no tratamento de dores; João Jorge Cabral, médico, psiquiatra, hipniatra e presidente da Associação Brasileira de Neurologia (ABN); Marcela Jacobina, especialista em neurologia pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e neurologista no Amato Instituto de Medicina Avançado, em São Paulo (SP); Marcelo Amato, neurocirurgião no Amato Instituto de Medicina Avançada, em São Paulo (SP).
Texto: Jéssica Pirazza/Colaboradora – Entrevistas: Vitor Manfio/Colaborador – Edição: Augusto Biason/Colaborador