Os dispositivos móveis são itens indispensáveis e já se tornaram parte integrante da vida de qualquer pessoa com um smartphone na mão. No entanto, essa mesma tecnologia, que proporciona inúmeras facilidades e conectividade instantânea, também aumenta a vulnerabilidade de quem está constantemente bombardeado por notificações, mensagens e atualizações de redes sociais, impactando a saúde mental.
Esse fluxo incessante de informações ao mesmo tempo que otimiza o tempo e agiliza a vida social e profissional, também pode levar à sobrecarga cognitiva, dificultando a capacidade de se concentrar em tarefas importantes. “Essa mesma conectividade e facilidade está gerando preocupações significativas sobre o impacto negativo na saúde mental e na capacidade de foco e ainda está associado a um aumento nos níveis de ansiedade e depressão”, alerta a médica psiquiatra Jéssica Martani, especialista em comportamento humano e saúde mental.
A psiquiatra explica que a dependência das redes sociais para validação e a necessidade de estar constantemente conectado podem levar a um estado de alerta contínuo, dificultando o relaxamento e aumentando o estresse. “Em primeiro lugar, a exposição à luz azul emitida pelas telas dos celulares pode interferir no ciclo natural do sono, reduzindo a produção de melatonina – o hormônio responsável pelo sono. O hábito de usar o celular antes de dormir ainda pode resultar em insônia e qualidade de sono reduzida, afetando negativamente a saúde mental e a capacidade de foco durante o dia”, diz.
Como lidar com o problema?
Embora a tecnologia tenha o potencial de conectar pessoas, o uso excessivo de telas pode, paradoxalmente, levar ao isolamento social. “A interação virtual substitui, muitas vezes, as conexões face a face, que são essenciais para o bem-estar emocional e esse isolamento pode contribuir para sentimentos de solidão e desconexão”, exemplifica a médica.
Se é impossível fugir das conexões, algumas estratégias como definir horários específicos para o uso de dispositivos móveis, limitar o tempo gasto em redes sociais, priorizar atividades presenciais e fazer pausas regulares durante o trabalho para reduzir a fadiga mental podem ajudar a minimizar os impactos desses dispositivos no bem-estar e melhorar a concentração.
“As queixas de concentração ou da necessidade de ser ‘multitarefas’ são líderes de reclamações no consultório e isso é natural já que sobrecarrega o cérebro e pode levar a uma diminuição na capacidade de atenção e concentração, sintomas que são frequentemente associados ao TDAH, tema que está tão em alta ultimamente”, finaliza Jéssica.