Atualmente, o chamado “mundo online” tem se tornado cada vez mais presente no dia a dia das pessoas – inclusive das crianças. A “ciberinfância” já é uma realidade, apesar de ainda não ser entendida por grande parte dos pais e até dos educadores.
“Para essa geração, o chamado ‘mundo on-line’ é o seu mundo real”, afirma Fernando Brafmann, especialista em cibersegurança e consultor dos colégios da Rede Positivo.
No entanto essa presença tão grande do virtual na vida dos pequenos traz alguns grandes riscos. Entre os principais, segundo o especialista, estão o cyberbullying, o grooming (abordagem de menores por adultos mal-intencionados), a exposição a conteúdos inapropriados, vazamento de dados pessoais, dependência digital e golpes virtuais.
A banalização da violência, o contato com discursos de ódio e ideologias extremistas também preocupam. O problema, para Brafmann, não é a tecnologia em si, mas seu uso precoce e desassistido. “Estamos abrindo uma porta para um mundo que os próprios pais desconhecem”, alerta.
Dicas para vencer os desafios da ciberinfância
Para lidar com esses desafios sem invadir a privacidade dos filhos, o especialista defende um tripé: diálogo constante, educação digital desde cedo e uso transparente de ferramentas tecnológicas. “A proteção deve ser construída em conjunto, como um pacto de cuidado e não de vigilância”, explica.
Ferramentas como Google Family Link, Qustodio e Microsoft Family Safety podem ser aliadas, desde que usadas com o conhecimento da criança. Mas o mais importante, diz Brafmann, é o exemplo. “Pais que dormem com o celular na mão não podem cobrar moderação dos filhos”, diz.
Brafmann recomenda que pais acompanhem e conversem sobre os interesses digitais dos filhos, participando ativamente desse universo. “Não se trata de controlar, mas de construir uma relação de confiança”. Estabelecer combinados claros, como tempo de uso e tipos de conteúdo, é fundamental.
O que fazer quando o risco se concretiza
Ao identificar crimes cibernéticos, o especialista orienta: acolher a criança, reunir provas (como prints), bloquear agressores, denunciar às autoridades competentes e, se necessário, procurar apoio psicológico. Ele destaca ainda a importância de se enxergar o adolescente como alguém em constante construção. “A empatia intergeracional é essencial. Não basta ensinar — é preciso ouvir e entender”, finaliza.
