Nesta semana, a influenciadora Maíra Cardi descobriu que havia cogumelos crescendo dentro do ar-condicionado do seu escritório, depois que sua equipe apresentou sintomas respiratórios. Mesmo novo e pouco utilizado, o aparelho estava interligado a outras nove unidades e operava continuamente sem manutenção e limpeza adequados.
Segundo o CEO do Grupo RETEC, Patrick Galletti, a presença de fungos e bactérias em aparelhos de ar-condicionado é mais comum do que se imagina. Nesse tipo de ambiente, o surgimento de cogumelos ocorre quando há acúmulo excessivo de umidade em regiões internas do aparelho, como nas bandejas de drenagem e nas serpentinas, aliado à presença de matéria orgânica. Ou seja, poeira, esporos, fibras e outras micro partículas suspensas no ar.
Em sistemas que permanecem ligados constantemente, mas sem ventilação adequada ou drenagem eficiente, essa combinação cria um ecossistema propício ao desenvolvimento de fungos filamentosos. Em estágios mais avançados, eles formam estruturas visíveis como cogumelos. “É raro, mas possível. Quando isso acontece, é sinal de que o nível de contaminação está extremamente elevado”, alerta o engenheiro mecatrônico.
Periodicidade da limpeza do ar-condicionado
A limpeza regular do aparelho é fundamental para reduzir os riscos de contaminação por microorganismos como fungos e bactérias. Segundo o especialista, o ideal é que a higienização dos filtros de ar-condicionado em residências aconteça ao menos uma vez por mês, especialmente em regiões com maior concentração de poeira ou poluição.
Já nos ambientes corporativos, a recomendação é que a limpeza completa dos equipamentos e dutos ocorra a cada três meses, incluindo a higienização de filtros, serpentinas, bandejas de condensado e a verificação do sistema de drenagem. “Em ambientes com grande circulação de pessoas, como escritórios e clínicas, essa periodicidade pode ser reduzida para intervalos mensais, dependendo do uso”, afirma.
Além da manutenção preventiva, a tecnologia tem auxiliado no controle da qualidade do ar. Projetos de climatização mais modernos já adotam sistemas com sensores de CO₂ e umidade, além de filtros HEPA e ionizadores. “Os sensores identificam alterações nos níveis de poluentes e umidade no ambiente e ativam automaticamente o sistema de ventilação ou purificação, impedindo a formação de colônias de fungos”, explica o engenheiro.
Escritórios com sistemas compartilhados
No caso de escritórios localizados em prédios com sistemas centrais interligados, como o de Maíra Cardi, o profissional alerta que a responsabilidade sobre a qualidade do ar deve ser compartilhada entre os condôminos e a administração do edifício. “Se um equipamento está contaminado, ele pode comprometer os demais ambientes conectados. Por isso, além da limpeza individual, é fundamental que haja um plano de manutenção regular no sistema central do prédio, conforme prevê a Lei 13.589/2018”, complementa.
A negligência pode resultar não apenas em desconforto, mas em riscos reais à saúde, como alergias, crises respiratórias e infecções. “Identificar mofo ou odor forte vindo do ar-condicionado é sinal claro de que há contaminação. Nesses casos, o sistema deve ser desligado imediatamente e uma inspeção técnica deve ser feita para evitar a exposição contínua aos ocupantes”, afirma o especialista.
