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Dietas para emagrecer podem causar queda de cabelo? Entenda

Especialistas explicam o impacto de dietas restritivas na saúde capilar e como evitar a queda de cabelo durante o emagrecimento

Dietas de emagrecimento podem aumentar a queda capilar - Foto: Shutterstock

A queda de cabelo é um problema comum que possui diferentes causas, porém muitas vezes pode estar associada a dietas de emagrecimento inadequadas. Nas redes sociais, por exemplo, muitas pessoas têm relatado uma queda anormal de fios durante o uso de Ozempic, remédio conhecido pelos seus efeitos na perda de peso

Danilo S. Talarico, médico graduado pela PUC-Campinas e professor do Instituto Lapidares dos cursos de tricologia e transplante capilar, afirma que existem diversos fatores que podem contribuir com a queda de cabelo durante o uso do Ozempic para emagrecimento. 

“Entre eles, devemos considerar as mudanças metabólicas, como as alterações nos níveis de insulina, que podem interromper o ciclo de crescimento dos fios, além da própria carência nutricional proveniente de uma dieta de restrição calórica. Além disso, as mudanças nutricionais, deficiência de vitaminas, falta de proteínas e variações hormonais também têm sua responsabilidade nesse efeito”, acrescenta o médico.

Dietas de emagrecimento sempre podem desencadear quedas. Segundo a médica Lilian Brasileiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), “o simples fato da depressão calórica, necessária ao emagrecimento, pode ser um insulto ao folículo capilar. Temos visto muito isso, pois estamos na era de injeções de analogia da GLP 1 para perda de peso rápida e intensa e, por fim, as bariátricas, as desnutrições propriamente ditas como as de vitaminas e minerais, como ferro e zinco mais comumente”, explica. 

Como evitar a perda de cabelo ao emagrecer

Para evitar a queda de cabelo durante o processo de emagrecimento, é recomendado o consumo de alimentos ricos em proteínas. De acordo com a médica nutróloga Marcella Garcez, aproximadamente 85% do cabelo é formado de queratina, que é uma proteína. Essa é uma das razões pelas quais o consumo deste macronutriente é tão importante para cabelos saudáveis. 

“O cabelo é um tecido de excreção, formado de aminoácidos sobressalentes para essa função. A proteína é formada por um conjunto de aminoácidos, e se não houver sobra de aminoácidos na dieta, não há boa síntese de queratina”, esclarece a diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). 

Além disso, existem outros cuidados que ajudam a evitar a perda de cabelo em dietas de emagrecimento. Abaixo, os especialistas elencaram algumas dicas. Confira:

Cuidado com as restrições e faça boas alimentares 

Sem balanço energético negativo, não ocorre perda de peso, portanto você precisará comer menos do que gastou. E é isso que o Ozempic ajuda a fazer. “No entanto, quanto mais restritiva for a dieta, maior a probabilidade de falta de aminoácidos, vitaminas e minerais que são importantes para a saúde capilar”, diz Marcella. Ou seja, se você abusar do déficit calórico, restringir grupos alimentares, ofertando poucos nutrientes ao corpo, é provável que seu cabelo sofra as consequências. 

“Para ter um bom resultado, saudável e duradouro, sem consequências desastrosas para a pele e o cabelo, o déficit calórico deve ser feito com orientação, através de um planejamento alimentar, da leitura de rótulos e com boas escolhas”, orienta Marcella Garcez. A dieta precisa ser sustentável com prioridade por alimentos saudáveis, ricos em proteínas, fibras e gorduras boas, e que se evite os ultraprocessados, ricos em açúcares e sódio.

Garanta a quantidade ideal de proteína

Em dietas de emagrecimento, as proteínas devem estar presentes em quantidades adequadas para que não haja prejuízo para estruturas como o cabelo. Carnes, peixes, aves e laticínios são as principais fontes de proteína e contam com aminoácidos essenciais, ou seja, aqueles que o corpo não consegue produzir. 

“As proteínas das fontes animais têm alto valor biológico, ou seja, contam com os nove aminoácidos essenciais (triptofano, fenilalanina, leucina, valina, isoleucina, lisina, treonina, metionina e histidina). No caso das fontes vegetais, elas precisam ser combinadas para garantir os aminoácidos essenciais”, aponta Garcez.

O consumo diário de proteínas deve ser individualizado e específico. Ele deve levar em consideração a idade da pessoa, o gênero, a atividade física, a profissão, o estado de saúde e os objetivos pessoais. As necessidades diárias podem ir de 0,6 a 2g por quilograma ao dia.

“Geralmente, quem faz dietas de emagrecimento e pratica musculação deve consumir 2g/kg ao dia. Ou seja, uma pessoa com 100 kg pode consumir de 60 a 200g de proteína diariamente”, afirma a médica. “O uso de suplementos, como whey protein, pode ser indicado para corrigir as carências”, diz Talarico.

De olho no ferro e zinco

Além das proteínas, outro ponto a considerar em dietas de emagrecimento é o consumo de ferro e zinco. “O baixo consumo de carnes e vegetais, que são fontes de ferro, pode favorecer a queda de cabelo”, diz a médica nutróloga. O ferro está presente em muitos alimentos vegetais, no entanto sua absorção é muito menor quando proveniente dessas fontes. O ferro de origem animal é até cinco vezes mais absorvido, já que ele está ligado a proteínas.

Por fim, Danilo Talarico explica que esse fenômeno de queda capilar induzido pelo emagrecimento é conhecido como eflúvio telógeno. Por se tratar de um processo de adaptação do organismo, a queda de cabelo deve ter efeito temporário e se resolver, na maioria dos casos, corrigindo a causa. 

“Em poucos meses o corpo deve se adaptar e voltar a crescer cabelo. É importante que os pacientes respeitem esse tempo e que estejam atentos a possíveis deficiências nutricionais que podem surgir ao longo do tratamento. Caso os sintomas permaneçam por longos períodos, é recomendado consultar um profissional”, conclui o médico.

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