Casacos guardados no armário por um ano, ácaro, poeira… Para quem mora em um país como o Brasil, é difícil não sofrer com coceiras e espirros no inverno. Dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) mostram que durante a estação, cerca de 20 a 30% dos brasileiros sofrem com algum tipo de alergia, e seis a cada 10 alérgicos têm a manifestação nos olhos durante as crises.
De acordo com Thais Sobreira, oftalmologista do Instituto de Especialidades Pediátricas (IEP), há um aumento de conjuntivite alérgica neste período. “O clima seco leva a menor lubrificação natural dos olhos, crianças têm sua imunidade alterada e se expõem a ácaros presentes em roupas e sapatos que estavam guardados. Todos esses fatores causam aumento no número de casos”, comenta a médica.
Principais sintomas
Os sintomas costumam acometer os dois olhos e podem variar de leves a severos dependendo do caso. O principal sintoma é a coceira intensa, mas também pode estar presente o lacrimejamento, olho vermelho, secreção clara, fotofobia, aumento na frequência do piscar e alterações visuais.
“Os mesmos alérgenos que causam sintomas respiratórios podem causar reação nos olhos e gerar alterações oculares que vão desde coceira e lacrimejamento, a lesões mais graves como na córnea. Importante lembrar que trata-se de um quadro não infeccioso e não há risco de contágio”, esclarece.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito durante a consulta médica baseada no histórico e exame oftalmológico do paciente. Na conversa com o profissional, é importante detalhar o tempo dos sintomas e identificar o alérgeno causador. Em alguns casos pode ser necessária a realização de exames complementares.
“O tratamento se inicia com medidas de controle ambiental para reduzir o contato da criança aos alérgenos. Para controle e alívio dos sintomas podemos fazer uso de colírios antialérgicos, lágrimas artificiais, colírios de corticóide e até imunossupressores. A escolha do tratamento vai variar de acordo com a gravidade do quadro”, diz Thais.
Quando o paciente tem conjuntivite alérgica crônica, é preciso acompanhamento regular com um oftalmologista, que será capaz de identificar precocemente complicações associadas ao quadro. No caso das crianças, é recomendado consultar também um pediatra. “Casos crônicos [em crianças] devem ser tratados em conjunto com pediatra e alergista para melhor resposta ao tratamento”, finaliza a especialista.