Evitar comidas ultraprocessadas, transgênicas e com conservantes químicos, mantendo rotina ativa, sem tabagismo e controlando o peso, além de consumir alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes, como carnes brancas, frutas vermelhas, folhas verde-escuras, legumes e sementes ricas em ômega-3 são importantes na imunização prévia à doença inflamatória intestinal (DII) e à manutenção saudável do revestimento do cólon.
“No Brasil, para se ter uma ideia, entre 2012 e 2020 as DIIs deram um salto de 30,01 para 100,13 casos por 100 mil habitantes, deixando de ser classificadas como raras. Cultivar uma dieta saudável, rica, regrada e variada junto a acompanhamentos psicológicos que controlem ansiedade e depressão são chaves para aliviar o estresse cotidiano, principal vilão intestinal”, analisa Lucas Boarini, coloproctologista e coordenador do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal do São Luiz São Caetano.
Por ser um conjunto de condições que afetam adultos de 15 a 40 anos e, num pico tardio, idosos de 60 a 70 anos, as DIIs têm sintomas crônicos como diarreia, pus, muco e sangramento anal, bem como cólicas, gases, fraqueza, inapetência e febre, acometendo um total de 5 milhões de pessoas no mundo. Autoimunes, elas exigem descoberta precoce, impedindo crises traumáticas.
“Analisá-las com atenção e profundidade é fundamental. Às vezes o doente confunde a questão com viroses comuns, dando tempo para o quadro evoluir. A regra é: apresentou sintomas? Tem histórico familiar? Come mal? Procure um coloproctologista ou gastroenteroligista e realize exames”, pontua o médico.
Principais doenças inflamatórias
As doenças inflamatórias intestinais mais frequentes são a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. Ambas são multifatoriais. Os pacientes nascem com uma predisposição genética mas, de acordo com os fatores ambientais que são expostos, podem ou não desenvolvê-las. Esses fatores alteram a microbiota intestinal (bactérias, vírus e fungos naturais do corpo) promovendo agressão ao sistema imunológico.
A primeira atinge a mucosa do intestino grosso, gerando diarreia e anemia. Já a segunda, que leva o nome de seu descobridor, o estadunidense Burril B. Crohn, pode causar inflamação em todo o intestino. O recente testemunho do jornalista Evaristo Costa sobre ser portador da condição ajudou a elucidar e desmistificar seu enfrentamento.
“Por ser incurável mas altamente tratável, esse grupo de enfermidades demanda um pronto tratamento, preponderante para impedir picos e situações extremas tais quais perfuração intestinal e estenose (fechamento do intestino), que levam à urgência cirúrgica com possibilidade de utilizar ostomia (bolsinha de intestino que é colocado externamente na barriga)”, reforça Boarini.
Para diagnosticá-las, o paciente é submetido a colonoscopia, biópsia, tomografia, ressonância e análises laboratoriais. As terapias incluem, em alguns casos, a utilização de estomas (bolsas coletoras de fezes). Durante a convalescença estão aprovados o uso dos corticoides sulfasalazina e mesalazina, além de drogas iminomoduladoras, que controlam sintomas agravantes.