A castração é uma solução eficaz e responsável não apenas para controlar a população de animais abandonados, mas também para promover a saúde e o bem-estar dos pets. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2019 o Brasil tinha 54 milhões de cães e 24 milhões de gatos. Um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) indica que esse número deve crescer 26% até 2030.
O médico-veterinário Luís Felipe Kühl, professor do curso de Medicina Veterinária do UniCuritiba, comenta que a situação de cães e gatos abandonados ou maltratados no Brasil é preocupante, o que reforça a responsabilidade dos tutores em castrar seus pets para controlar a população de animais e evitar a contaminação de doenças graves.
Benefícios da castração
A castração é uma técnica cirúrgica que evita a reprodução de cães e gatos, trazendo uma série de benefícios. De acordo com o veterinário, a castração contribui para o controle de comportamentos territorialistas relacionados à produção hormonal, reduzindo o risco de doenças do sistema reprodutivo.
“A castração está relacionada à prevenção de diversas doenças, como câncer de mama, próstata, testículos, infecções uterinas e hiperplasia prostática. Além disso, pode ajudar a reduzir comportamentos indesejados, como marcação de território, fugas e brigas”, conta. Além disso, a recuperação cirúrgica costuma ser rápida e tranquila na maioria dos casos.
Apesar das vantagens, muita gente acredita que a castração muda a personalidade do animal, mas o especialista esclarece que isso é apenas mito. “O que acontece, na verdade, é que a castração pode modificar comportamentos relacionados aos hormônios sexuais, como agressividade, marcação de território e outros comportamentos instintivos, mas não tende a alterar a personalidade básica do animal”, explica Luís Felipe Kühl.
Riscos e cuidados
A castração é considerada um procedimento seguro, mas, por se tratar de uma cirurgia, envolve riscos como sangramento, infecção e reações à anestesia. Para garantir a segurança do pet, é importante escolher um profissional qualificado, fazer os exames pré-operatórios para avaliar a saúde do animal e recorrer a uma clínica de confiança, com técnicas e equipamentos adequados. A idade indicada para realizar a castração varia conforme fatores, como raça, porte, condição de saúde e estilo de vida do animal. Já após o procedimento, o paciente deve usar um colar elizabetano ou uma roupa cirúrgica para evitar lambeduras ou mordidas na região dos pontos.
Segundo o médico-veterinário, podem ser prescritos medicamentos conforme as necessidades individuais de cada pet, como analgésicos, anti-inflamatórios e antimicrobianos, para garantir o conforto e uma recuperação adequada. A limpeza periódica da região operada também é essencial para prevenir possíveis contaminações. Também é importante que o paciente permaneça em repouso nos primeiros dias para assegurar uma cicatrização tranquila e segura.
Além disso, a alimentação adequada e o estímulo à atividade física após a recuperação são fundamentais. “A castração, de fato, não causa ganho de peso diretamente, mas pode levar a alterações no metabolismo, diminuindo a taxa metabólica e, consequentemente, podendo aumentar o apetite. Isso pode, eventualmente, resultar em ganho de peso se a ingestão alimentar não for controlada”, explica o professor.
