Pesquisadores do Departamento de Neurociência e Terapias Experimentais da Universidade do Texas (EUA) tiveram resultados promissores ao realizar um experimento sobre dependência e vício. Em laboratório, eles induziram ratos ao consumo de álcool a ponto de torná-los “viciados” na bebida.
Em seguida, fizeram alterações em neurônios localizados na região cerebral conhecida como corpo estriado, bastante vulnerável à ação da dopamina (neurotransmissor responsável, entre outras coisas, pelo prazer) e muito sensível à dependência.
Isso foi feito com um vírus geneticamente modificado, que inibiu as ações de neurônios D1, encarregados de estimular o organismo a realizar coisas, e estimulava as células nervosas D2, que “puxa o freio” das ações. Agora, os estudiosos pesquisam se o vírus teria os mesmos efeitos no cérebro humano.
Por trás do vício
Para entender melhor o funcionamento das recompensas no cérebro, vamos voltar cerca de 60 anos na história e lembrar como ele foi descoberto. Em meados dos anos 1950, os pesquisadores norte-americanos James Olds e Peter Milnes colocaram eletrodos no cérebro de ratos e permitiram que os animais ativassem os estímulos por meio de uma alavanca.
Os cientistas descobriram que os ratos pressionavam compulsivamente o dispositivo para receber os impulsos em determinadas regiões neurais. O núcleo septal – presente no sistema límbico – foi detectado, na época, como o local mais sensível, e fez com que os ratos apertassem a alavanca mais de sete mil vezes em um período de 12 horas.
Logo se percebeu que as cobaias sentiam um prazer tão intenso que negligenciavam até mesmo a fome e a sede para continuarem buscando os estímulos. A doutora em psicobiologia Katie Almondes explica que esse processo é fruto de uma série de substratos neurais do comportamento, que tem como característica a aproximação a um objetivo específico.
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Texto: Angelo Matilha Cherubini/Colaborador e Thiago Koguchi – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Entrevista: Angelo Matilha Cherubini/Colaborador – Consultoria: Katie Almondes, doutora em psicobiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)