Os primeiros sinais de pensamento inteligente aparecem antes do desenvolvimento da fala ou das coordenações motoras. Já aos seis meses, as crianças começam a se interessar espontaneamente pelo ambiente à sua volta, tentam tocar os objetos que a rodeia, aprendem que chorar atrai atenção, além de outros gestos que mostram que, sim, dentro da cabeça desses seres fofos e pequenos muita coisa está acontecendo.
Crianças: neurônios fervilhando
Você já ouviu falar que aprender uma segunda língua ou uma habilidade, como andar de bicicleta, é bem mais fácil na infância? Neste caso, o conhecimento popular está completamente certo. “Durante os primeiros anos de vida, as crianças recebem informações de forma muito intensa. Assim, têm um cérebro muito mais preparado para recebê-las do que um adulto”, diz o especialista em neurociência Alex Born.
Porém, embora o campo de assimilação e retenção seja amplo, nem sempre temos condições de processar tudo isso na infância. “Ao mesmo tempo que sinapses são formadas, uma outra quantidade de conexões se perdem, o que é natural, pois configura um sistema de defesa do próprio cérebro para que ele possa administrar as informações coletadas”, completa o especialista.
Levando vantagem
Não é só porque, na vida adulta, o cérebro está mais maduro que necessariamente ganharia em todas as competições com uma mente infantil. Para começar, o médico neurologista Mendel Suchmacher cita que as crianças possuem uma maior plasticidade neuronal, ajudando na capacidade de armazenamento de informações e de modificar rapidamente sua organização estrutural e funcionamento em resposta às experiências. Além disso, ele difere no peso, que vai aumentando até a puberdade de acordo com as necessidades, e na porcentagem de água – o cérebro de uma criança possui mais deste elemento, o que lhe confere menor velocidade.
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Texto: Carolina Vieira/Colaboradora – Edição: Victor Santos
Consultorias: Alex Born, especialista em neurociência e comportamento humano, diretor do Grupo Internacional de Estudos do Comportamento Humano e autor de livros sobre neuromarketing; Daniel Schachter, formado pela Santa Casa do Rio de Janeiro, membro da Academia Brasileira de Neurologia e neurologista do Hospital São Vicente de Paula (RJ); Helga Cezar, assessora pedagógica da Saraiva; Mendel Suchmacher, médico membro do American College of Physicians.