Ricardo Costa conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil na modalidade de salto em distância na categoria T11, para cegos, nas Paraolimpíadas, na última quinta (08.09). Mas muitos não sabem que ele manteve uma tradição de família com a vitória.
Sua irmã caçula, Silvânia Costa de Oliveira, que também compete no mesmo gênero e defenderá o Brasil na sexta-feira (16.09), subiu ao lugar mais alto do pódio, em Doha, no Qatar, em 2015, tornando-se campeã mundial.
Além do talento e prêmios, os irmãos também têm em comum a doença de Stargardt, síndrome congênita que atinge os olhos, levando a uma perda progressiva do campo de visão. Ricardo tem problemas para enxergar desde os dois anos de idade, porém só foi diagnosticado como possuidor da doença aos 11, e em 1996 já tinha a visão condenada. Além de Silvânia, o medalhista tem outro irmão cego.
Nascido em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, o esportista começou com corridas de rua e depois passou para as provas de pista de atletismo. Começou a treinar em 2002, em Campo Grande. No ano passado, terminou em quarto lugar, na competição Mundial de Doha. Atualmente, exercita-se no Instituto Elisângela Maria Adriano, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
O esporte mudou sua vida. Em entrevista para a Globo, Ricardo declarou: “Fiz da minha deficiência o meu melhor inimigo, que vai me acompanhar por tempo indeterminado. Não coloquei uma dificuldade. Aceitei e, a partir disso, as coisas vieram ao meu favor (…) Antes de conhecer o esporte, me via muito isolado. Não saía de casa, mas o esporte me trouxe para vida.”
Ainda segundo ele, suas grandes referências para vencer os desafios impostos pela vida e nos treinos diários são a irmã e o pai, também atleta, pessoas que são como heróis para o atleta.
A conquista da medalha foi acirrada. O norte-americano Lex Gillete era o favorito da competição e muitas vezes chegou a ultrapassar a distância atingida por Ricardo. Mas o brasileiro em seu último salto conseguiu marcar 6.52m, com relação a 5.93 do adversário, levando a torcida ao delírio.
Já podemos gritar: É ouro do Brasil!
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Texto: Vítor Ferreira