A sobrecarga de tarefas, as cobranças sociais, a insegurança financeira e as múltiplas jornadas dentro e fora de casa colocam a saúde mental feminina em risco. Como resultado, elas vêm apresentando maior suscetibilidade a transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão, burnout e outros problemas.
De acordo com o Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a depressão pode ser duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. As taxas apontam que ela pode acometer entre 10 e 15% das mulheres nos países industrializados e 20 a 40% das mulheres nos países em desenvolvimento, sendo ainda mais comum durante a gravidez ou no período pós-parto. Além disso, em 2024, as mulheres representaram 63,8% dos afastamentos concedidos por transtornos mentais e burnout no ano, segundo o Ministério da Previdência Social.
Diante desse cenário, neuropsicóloga Luciana Benedetto, especialista da BurnUp, healthtech especializada em saúde mental e emocional, alerta sobre os transtornos que mais afetam a saúde mental feminina e a importância de reconhecer os primeiros sintomas para buscar ajuda. Para as mães e mulheres que se reconhecem em alguns ou poucos dos sinais de alerta, ela recomenda o monitoramento da saúde mental de forma preventiva, para identificar sinais precoces de transtornos de humor e buscar ajuda profissional antes que os sintomas piorem. Abaixo, a especialista elenca as condições mais comuns que afetam as mulheres:
Depressão pós-parto
É um transtorno de humor que surge após o nascimento do bebê e vai além das oscilações emocionais comuns, afetando de forma persistente o bem-estar da mulher. Os sintomas podem incluir dificuldade para criar vínculo com o bebê, tristeza persistente e choro frequente, irritabilidade e alterações de humor intensas, sensação de culpa e fracasso, falta de energia, insônia ou sono excessivo, alterações no apetite e, em casos graves, pensamentos suicidas.
Baby blues
O baby blues é uma condição emocional muito comum, que chega a acometer até 80% das puérperas. Pode durar até duas semanas após o parto, mas precisa ser monitorado para evitar a evolução para um quadro mais grave, como a depressão pós-parto. Os principais sintomas são: instabilidade emocional, choro fácil, irritação, ansiedade e sensação de sobrecarga.
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Diferente da ansiedade comum, essa é uma condição crônica, na qual a pessoa se preocupa de maneira excessiva e incontrolável com várias situações, mesmo sem motivos reais. Para as mulheres, a TAG pode se manifestar devido às pressões no trabalho, relacionamentos e na maternidade e pode se intensificar no caso de mães solo, perdurando por meses e trazendo impactos reais na saúde física e mental feminina.
Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM)
A doença é uma forma mais grave da síndrome pré-menstrual, porém pode ser incapacitante e prejudicar severamente a qualidade de vida das mulheres. Os sintomas variam entre físicos e emocionais, incluindo inchaço, cansaço, irritabilidade, ansiedade, alterações no sono e apetite, além de queda no interesse por atividades e conflitos pessoais.
Esgotamento materno
Muito comum entre as mulheres que vivem uma sobrecarga das responsabilidades da maternidade e enfrentam múltiplas jornadas sem uma rede de apoio, o quadro é caracterizado por um estado de exaustão física e emocional. Os primeiros sinais podem incluir maior irritabilidade, sensação de culpa constante, afastamento emocional dos filhos, cansaço crônico e perda de prazer na maternidade, por exemplo.