Vontade de chorar, desânimo, ansiedade, irritação, melancolia, insegurança, dificuldade de concentração, alterações de humor e dificuldade para dormir são alguns dos sintomas do baby blues, uma condição que afeta muitas mulheres após o parto. Estima-se que entre 70% e 80% das puérperas sofram com a condição.
“O baby blues é uma reação emocional transitória e muito comum, até esperada nos primeiros dias após o parto. Tem íntima relação com as intensas mudanças hormonais do período, à privação de sono e à adaptação ao novo papel materno”, diz a médica psiquiatra e especialista em saúde mental da mulher Lisa Pena. De acordo com ela, os sintomas podem ter início logo após o parto e costumam cessar em até duas semanas, tendendo a se resolver espontaneamente. A profissional pontua como aqueles que cercam essa mãe podem notar que ela está passando por um baby blues.
“O parceiro, familiares e amigas podem perceber que a mulher-mãe está mais sensível, chorosa, irritada ou ansiosa, com comportamentos diferentes do seu habitual. Ela pode parecer sobrecarregada ou dizer que não está se sentindo como esperava sentir. Esses sinais, quando leves e passageiros, são comuns. O importante é observar se os sintomas diminuem com o tempo ou se começam a se intensificar, o que exigirá avaliação profissional”, comenta.
Não é depressão
Importante destacar que o baby blues é diferente da depressão pós-parto. Segundo a especialista, “a principal diferença está na intensidade, duração e impacto dos sintomas. O baby blues envolve oscilações do humor dentro do mesmo dia, choro fácil, irritabilidade e sensação de sobrecarga, mas a mulher permanece sem prejuízos para cuidar de si e do bebê.”
Tais sintomas aparecem já nos primeiros dias e melhoram gradualmente em até 15 dias após o parto. Já a depressão pós-parto se caracteriza por sintomas mais intensos e duradouros, como a tristeza persistente, choro frequente, perda do interesse e prazer, sentimentos de culpa, de desesperança, que pode inclusive dificultar a conexão com o bebê e, em casos mais graves, até cursar com pensamentos de morte – como, por exemplo, o de que todos, inclusive o bebê, ficariam melhor sem a presença da mesma.
Como lidar com o baby blues?
O baby blues é uma condição que pode afetar o bem-estar materno. Nestes casos, o apoio emocional é importante para melhorar a qualidade de vida da puérpera. “Estar presente, ouvir sem julgar, ajudar com o bebê ou com tarefas da casa, tarefas externas, garantir que a mulher-mãe tenha tempo para dormir e também de praticar o seu autocuidado em coisas simples. Tudo isso contribuirá para o bem-estar materno. Validar os sentimentos, sem minimizar ou romantizar o puerpério e a maternidade, é um ato de amor e zelo”, orienta Lisa Pena.
Além disso, muitas mães não querem deixar passar esses sentimentos negativos para o bebê. A psiquiatra ressalta que esse é um medo muito comum, mas não se pode deixar levar por ele. “É importante lembrar que acolher as próprias emoções e buscar apoio já é um gesto de proteção e cuidado com ambos. Relações afetivas seguras não dependem de perfeição, mas de presença, vínculo e verdade, a qual se constrói com o tempo e tendo saúde. Uma mãe que cuida de si está cuidando, também, do seu bebê, da sua família e da sociedade”.