A gravidez é um período marcado por uma série de transformações físicas e emocionais para a mulher. Além das alterações mais evidentes, tal como o crescimento da barriga e aumento de peso, muitas grávidas passam por incômodos, muitas vezes desconhecidos, como dores e desconfortos nas mãos.
O ortopedista e cirurgião de mão e punho Maurício Leite explica que o problema pode estar associado à compressão do nervo mediano, que percorre o punho e é responsável pela sensibilidade e movimento de parte da mão. Segundo ele, duas síndromes costumam estar por trás dos sintomas: a Síndrome do Túnel do Carpo (STC) e a Tenossinovite de De Quervain, também conhecida como “tendinite das mães”.
Entenda as condições
A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) ocorre quando há compressão do nervo mediano no punho. Entre os principais sintomas estão dor no punho e na mão, dormência ou formigamento nas mãos e nos dedos, queimação ou sensação de choques nas mãos, fraqueza, entre outros, que podem interferir na rotina da gestante.
Já a Tenossinovite de De Quervain é a inflamação dos tendões que controlam os movimentos do polegar. Essa tendinite costuma surgir ou se agravar no puerpério, quando a mulher passa a realizar movimentos repetitivos ao cuidar do bebê. Assim, a dor tende a piorar com o uso da mão afetada e pode até limitar a realização de tarefas simples.
De acordo com o médico, em ambos os casos as causas estão diretamente ligadas às mudanças hormonais típicas da gravidez. Hormônios como estrogênio, progesterona, por exemplo, contribuem para a retenção de líquidos e, consequentemente, inchaço dos tecidos, o que leva à compressão de nervos e tendões. Além disso, o ganho de peso pode interferir na circulação linfática, acentuando o acúmulo de líquidos nos punhos e nas mãos.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico clínico é realizado por um médico ortopedista especializado em mãos, com base no relato da paciente e no exame físico. Quando necessário, podem ser solicitados exames como ultrassonografia ou ressonância magnética — ambos seguros durante a gestação, por não utilizarem radiação. Essas imagens permitem uma visualização mais precisa das estruturas afetadas.
Ao identificar qualquer sinal de dor, dormência ou limitação de movimento, a gestante deve procurar atendimento especializado. Geralmente, o tratamento inclui o uso de órteses (talas) para imobilizar e proteger a região, além de sessões de fisioterapia ou terapia ocupacional.
Como prevenir
Algumas medidas ajudam a reduzir os impactos dos sintomas, como moderar o consumo de sal, hidratar-se constantemente e exercícios físicos. Evitar roupas e calçados apertados e manter uma alimentação equilibrada também estão entre as recomendações.
No entanto, a dor nas mãos durante a gestação não deve ser ignorada. Com acompanhamento médico adequado, é possível tratar os sintomas e garantir mais conforto à gestante. Apenas um profissional poderá indicar o tratamento mais seguro, respeitando as particularidades da gravidez.
“O diagnóstico precoce evita complicações e garante mais qualidade de vida para a nova mamãe, que já enfrenta a intensa rotina dos cuidados com o bebê”, finaliza o cirurgião Maurício Leite.
