Você já ouviu falar em vape face? Apesar da decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de manter a proibição da importação, comercialização e propaganda dos cigarros eletrônicos, o produto ainda é muito consumido, especialmente por jovens.
De acordo com o médico especialista em doenças que acometem as regiões da cabeça e pescoço, Ullyanov Toscanos, existe um mito de que o cigarro eletrônico traga menos malefícios do que o convencional.
“O produto é mais nocivo do que se imagina, pois torna os usuários dependentes químicos, além de causarem problemas gravíssimos ao organismo em pouco tempo”, comenta o médico-cirurgião de cabeça e pescoço da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A ação dos vapes também pode ser vista na pele devido aos componentes químicos presentes, como o propilenoglicol e a glicerina, que podem causar desidratação e diminuição da elasticidade. O consumo de cigarros eletrônicos também piora a circulação sanguínea, o que dificulta a oxigenação dos tecidos e, consequentemente, uma piora da elasticidade da derme. Todas essas características são observadas nas chamadas vape face.
Ação dos cigarros eletrônicos na pele
Segundo a dermatologista Letycia Lopes, membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia (SBLMC), a nicotina presente nos cigarros eletrônicos pode estar associada a diversos problemas de pele como o ressecamento, a acne, a dermatite de contato e a piora de condições pré-existentes, entre elas a psoríase e a rosácea.
“Além disso, ainda pode interferir no aparecimento de inflamações cutâneas devido à exposição da pele a substâncias irritantes presentes na fumaça do cigarro eletrônico, como a nicotina, e os produtos químicos utilizados nos líquidos”, sinaliza a especialista.
Sabe-se que um em cada cinco jovens brasileiros consome cigarros eletrônicos, de acordo com informações levantadas pela Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. O estudo ainda aponta que os vapes são mais populares entre jovens de 18 a 24 anos, que apesar da pouca idade, também são acometidos por problemas de pele.
“A exposição aos componentes químicos presentes nos líquidos desses dispositivos pode levar ao surgimento de acne e irritações cutâneas, por exemplo, podendo evoluir para algo mais grave. O uso prolongado leva ao envelhecimento precoce, aumento do risco de desenvolver câncer de pele e agravamento de doenças dermatológicas pré-existentes”, explica Leycia.
Para diminuir os impactos negativos causados pelo consumo é importante evitar o uso. No mais, a dermatologista orienta manter uma rotina de cuidados faciais, como a limpeza diária, o uso de hidratantes adequados e a proteção solar.