A saúde mental materna tem sido um tema muito discutido nos últimos anos devido à elevada prevalência de depressão gestacional e outros transtornos em mulheres grávidas e suas consequências prejudiciais para a gestação.
A gravidez é um momento da vida da mulher – principalmente para as mães de primeira viagem – que mais exige equilíbrio emocional. Afinal, ele é cercado de muitas emoções, medos, dúvidas e inseguranças associadas a alegria e expectativa de gestar.
Segundo a psicanalista Dra. Andrea Ladislau, a depressão gestacional está cada vez mais sendo identificada entre as gestantes. O problema está relacionado a diferentes fatores e prejudica significativamente o bem-estar e a qualidade de vida da mulher.
“O que se observa é que essas alterações, sejam hormonais, físicas ou psicológicas, impactam muito na autoestima, no relacionamento e na própria libido dessa gestante”, diz a especialista.
Quais as causas?
A psicanalista explica que tanto as causas quanto os sintomas da depressão gestacional variam de mulher para mulher. No entanto, as principais causas desse problema são:
- Falta de suporte emocional, familiar e social;
- Eventos de vida negativos durante a gravidez ou próximos ao parto;
- Problemas pessoais, emocionais da mãe com relação à maternidade;
- Dificuldades pessoais, emocionais, financeiras, médicas da mulher ou do casal;
- Gravidez não planejada ou não desejada;
- Dificuldades conjugais;
- Depressões anteriores;
- Outras doenças psiquiátricas durante a gravidez;
- Existência de depressão em pessoas da família;
- Problemas da tireoide ou alterações hormonais.
Sinais e sintomas
- Desconexão com o bebê e as pessoas ao redor;
- Sono desregulado;
- Pensamento confuso e desorganizado;
- Vontade extrema de prejudicar e fazer mal ao bebê, enquanto está na barriga;
- Transtorno de humor;
- Irritabilidade, tensão e inadequação;
- Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas;
- Falta de energia;
- Ansiedade constante;
- Culpa;
- Melancolia intensa e desmedida;
- Desmotivação profunda da vida;
- Distanciamento de familiares e amigos antes próximos;
- Mudanças nos hábitos alimentares (comer muito ou pouco);
- Dificuldades de concentração;
- Choro constante e humor instável;
- Pensamentos negativos, delirantes e irreais e ideação suicida.
Tratamento
O tratamento e diagnóstico devem ser feitos por um psiquiatra perinatal, que irá avaliar a gravidade do caso e traçar um plano terapêutico envolvendo ou não a introdução de medicamento que não afete o bebê.
Além do apoio psicológico, a gestante deve contar com acompanhamento nutricional e praticar exercícios físicos ou atividades que ajudem a melhorar o seu bem-estar, como meditação, yoga ou técnicas de relaxamento.
“É necessário expressar e não ter medo de falar o que está sentindo. Verbalizar para encontrar ajuda dentro da rede de apoio, pois se não tratada, a depressão gestacional pode se tornar um distúrbio depressivo crônico”, finaliza Andrea.