O diagnóstico da síndrome de Münchausen não é o suficiente para o sucesso do tratamento, já que convencer o paciente de seu quadro é algo complicado. “O tratamento de ambos os tipos da síndrome de Münchausen são difíceis, pois os portadores deste distúrbio não estão dispostos a admitirem que passam por problemas”, conta a psicanalista e especialista em psicossomática Fabiana Benetti.
Assim, faz parte do tratamento a tentativa de conscientização do paciente de que suas atitudes são prejudiciais por meio de psicoterapias individuais ou em grupo. “O paciente tem mais chances de aceitar ajuda psiquiátrica e psicológica se sentir que o seu comportamento é aceito e entendido como uma expressão de fatores psicológicos, isto é, inconscientes”, cita a profissional.
O uso de medicamentos, como antidepressivos, pode ser necessário, no entanto, hoje em dia, ainda não existe uma abordagem que se prove totalmente útil no tratamento da síndrome. O importante é que haja o trabalho de uma junta médica com diversas especializações.
O confronto com o paciente não é indicado em todos os casos. “Embora o método de confrontação seja controverso, em algum momento do tratamento, os pacientes devem ser levados a encarar a realidade. A maioria deles apenas abandona o tratamento quando seus métodos de obtenção de cuidado são identificados e expostos”, afirma o psiquiatra Fabio Gomes de Matos e Souza.
Não é hipocondria
Em um primeiro momento, a síndrome de Münchausen pode até parecer com a hipocondria, porém, são quadros diferentes. O hipocondríaco acredita que esteja doente ou que pode ficar a qualquer momento, se sentindo melhor ao tomar uma série de medicamentos; já na síndrome, o indivíduo sabe que não sofre de doença alguma, mas quer estar doente.
“Dessa forma, a produção de sintomas é intencional, pois a motivação primária está em assumir o papel de doente para se obter um ganho pessoal”, esclarece a psicanalista Fabiana Benetti.
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Consultorias: Fabio Gomes de Matos e Souza, psiquiatra no Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza (CE); Fabiana Benetti, psicanalista e especialista em psicossomática.
Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Augusto Biason/Colaborador