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Os portadores da síndrome de Münchausen são capazes de colocar a própria saúde em risco em busca de cuidados das outras pessoas
- FOTO: Shutterstock.com

Inventando problemas de saúde: conheça a síndrome de Münchausen

Os portadores da síndrome de Münchausen são capazes de colocar a própria saúde em risco em busca de cuidados das outras pessoas

Febres que não cessam, dores sem motivo aparente, vômitos constantes, saúde debilitada… Esses parecem serem sintomas de alguém muito doente, certo? No entanto, eles se manifestam somente quando a pessoa é deixada longe da observação médica. Não é por acaso, já que tais sintomas são provocados pelo próprio paciente. Isso mesmo!

Inventando problemas de saúde: conheça a síndrome de Münchausen

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Apesar de ir contra a maioria da população, que não gosta de ficar doente, portadores da síndrome de Münchausen são capazes de incitar problemas de saúde em busca de atenção e cuidados alheios. Parece “coisa de louco”, mas é um distúrbio mental grave e sério.

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Descrita pela primeira vez em 1951 pelo médico inglês Richard Asher, a síndrome de Münchausen (SM) é um transtorno factício, isto é, gerado artificialmente, em que o paciente seja capaz de se mostrar dramaticamente doente, podendo até inflingir lesões dolorosas, com risco de morte. “Trata-se de uma desordem psiquiátrica em que o paciente, de forma compulsiva, deliberada e contínua, causa, provoca ou simula sintomas de doenças físicas e psicológicas para conquistarem atenção, empatia, amor, entre outras formas de afeto”, explica a psicanalista Fabiana Benetti.

Diferentemente de uma simulação de um problema de saúde com o intuito de evitar alguma obrigação (conseguir um atestado para faltar ao trabalho…) ou ter ganho financeiro (como receber uma pensão), quem sofre com a síndrome não quer nada além de atenção do maior número possível de pessoas.

“Eles simulam estar com febre deixando o termômetro perto de uma lâmpada e se automutilam para parecerem ter hemorragias, por exemplo. Os pacientes podem se submeter a procedimentos cirúrgicos e tomar medicações desnecessárias, gerando custos ao sistema de saúde e trazendo prejuízo funcional para si e para seus familiares”, afirma o psiquiatra Fabio Gomes de Matos e Souza.

O comportamento dessas pessoas não apresenta anormalidades somente com a própria saúde, como explica Fabiana: “os relacionamentos interpessoais desse paciente podem se apresentar excessivamente intensos, mas instáveis, que oscilam entre idealização e depreciação. Também exibe constante instabilidade afetiva com acessos de raiva e retaliações psicológicas e dificilmente tolera estar sozinho”. Tamanha dedicação para alterar a realidade faz com que a síndrome passe a ser a atividade principal da vida do indivíduo.

LEIA TAMBÉM

Consultorias: Fabio Gomes de Matos e Souza, psiquiatra no Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza (CE); Fabiana Benetti, psicanalista e especialista em psicossomática.

Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Augusto Biason/Colaborador

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