De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), todos os dias, aproximadamente 830 mulheres morrem de causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto em todo o mundo. No Brasil, em 2022 a taxa de mortalidade materna voltou aos patamares pré-pandemia, com índice de 57 mortes a cada 100 mil nascidos vivos.
As principais causas de óbitos entre gestantes no país são a hipertensão gestacional (pré-eclâmpsia), hemorragias pós-parto (com destaque para a atonia uterina), infecções puerperais e tromboembolismo. Segundo a ginecologista obstetra Fabiana Ruas, para prevenir a mortalidade materna é essencial adotar hábitos saudáveis durante a gestação, com uma alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.
“Entender cada uma dessas condições, saber como preveni-las e ter acesso às opções de tratamento mais modernas e eficientes são alguns pontos fundamentais para melhorar essas estatísticas e salvar vidas, já que muitas dessas mortes são evitáveis”, alerta a coordenadora da Maternidade do Hospital São Luiz Anália Franco, na zona Leste de São Paulo.
Pré-eclâmpsia
Historicamente, a pré-eclâmpsia é a principal causa de morte materna no mundo. Caracterizada pela elevação da pressão arterial durante a gravidez, a doença pode ser identificada precocemente durante a realização do exame pré-natal, por meio da aferição da pressão e avaliação durante as consultas.
Entre os principais sintomas estão dor de cabeça, dor na boca do estômago, alterações na visão e inchaço dos membros inferiores. Segundo a especialista, garantir um pré-natal adequado e identificar pacientes com maior risco de desenvolver a condição são fundamentais para prevenir complicações relacionadas à doença.
Hemorragia pós-parto
Dados do Ministério Saúde apontam que a hemorragia pós-parto (HPP) é a segunda causa de morte materna no Brasil. Ela ocorre quando há uma perda de sangue de 500ml ou mais nas 24 horas seguintes ao parto.
“A principal causa de HPP é a atonia uterina, onde o útero não se contrai após o nascimento do bebê, podendo trazer grandes riscos para a mãe, como a necessidade de transfusão sanguínea, retirada do útero e até a morte”, explica a ginecologista.
No processo gestacional, o útero concentra uma grande quantidade de sangue. Ao retirar a placenta, a contração do órgão é responsável por “fechar” os vasos sanguíneos e iniciar a coagulação. “No entanto, se isso não acontece corretamente pode levar a um sangramento excessivo”, destaca a médica.
A prevenção e tratamento da atonia uterina foram significativamente aprimorados com o desenvolvimento de novos medicamentos, tecnologias, técnicas de manejo durante o parto, protocolos de atendimento e capacitação das equipes assistenciais.
“A principal novidade para tratamento da atonia uterina é o Sistema JADA, indicado para casos onde a medicação não surte o efeito desejado. Ele é aplicado facilmente por meio vaginal e conectado a um aspirador a vácuo, responsável por criar pressão negativa dentro do útero, reproduzindo o mecanismo fisiológico de contração e auxiliando no controle do sangramento anormal”, explica Fabiana.