Nosso corpo precisa de alimentos para exercer diversas funções vitais, porém nem tudo o que comemos é aproveitado. Além disso, toxinas e substâncias absorvidas no dia a dia – seja por conta da poluição ou até mesmo o uso de cosméticos – também podem não servir para o organismo, que as coleta e elimina em forma de urina ou fezes. Quando não são expelidas com regularidade, tornam o corpo intoxicado e via de entrada para inúmeras doenças. “Irritação, inchaço e dor abdominal são os primeiros sintomas de que algo não anda bem. De acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), a prisão de ventre é um mal que afeta 20% da população brasileira, sendo as mulheres as grandes vítimas, principalmente as que têm entre 40 e 49 anos”, aponta Eduardo André, doutor em Gastroenterologia. Por isso, atente-se as causas e fuja desse quadro!
Quando o problema é…
… fisiológico: sedentarismo, obesidade e má alimentação são fatores que podem tanto agravar a constipação, quanto desencadeá-la. Nas mulheres, os hormônios sexuais femininos são capazes de piorar a situação, uma vez que relaxam a musculatura lisa do intestino grosso e influenciam os movimentos intestinais, deixando-os mais lentos.
… psicológico: outro fator relevante é a inibição por causas sociais, como mudança de casa, viagem, fuso horário e etc. “O grande problema neste caso é não respeitar o horário correto de evacuar, que é logo após alguma das refeições, quando o alimento cai no estômago e começa o movimento de todas as alças intestinais. Esse é o reflexo de evacuação”, aponta Eduardo.
Durante a gestação
Esse sintoma é comum na gravidez e costuma ocorrer nos três primeiros trimestres de gestação em 11% a 38% das mulheres. “Vários fatores podem colaborar com a constipação durante a gravidez, como a redução da motilidade do intestino delgado, o aumento da absorção de água e, também, a suplementação com ferro neste período, bem como o próprio volume abdominal, que pode comprimir as alças intestinais”.
Cuide-se!
“É importante ressaltar que a prisão de ventre é um sintoma e não uma doença. Por isso é fundamental o diagnóstico e o tratamento correto, de acordo com o perfil de cada indivíduo”, destaca Eduardo. Sem os devidos cuidados, é possível levar à hemorroidas, fissuras – que muitas vezes podem causar dores e sangramentos –, a longo prazo, na formação de divertículos (protuberâncias no canal). Ainda segundo o profissional, apesar de haver controvérsias atuais sobre o risco de câncer de intestino nas pessoas constipadas, a preocupação é frequente e deve ser levada a sério, para que não aumente as chances de desenvolvimento da doença.
Todo dia é dia?
Uma das dúvidas que surgem a respeito é a frequência de evacuação. Porém, nem sempre a quantidade de idas ao banheiro categoriza um organismo saudável. Eduardo explica: “é considerado normal ir ao banheiro três vezes ao dia ou até três vezes por semana, mas, se não houver uma regularidade, a pessoa pode ter problemas no futuro”. O mais importante é que, independente do número de vezes, esse hábito seja contínuo e que seja seguido por sensação de alívio.
Doenças relacionadas
Alguns problemas digestivos interferem – e muito – no desempenho intestinal. Conheça-os e saiba como evitá-los:
Diverticulite: A doença é caracterizada por uma inflamação na região do intestino grosso ocasionada pela formação de pequenas bolsas (divertículos) que podem infeccionar com o acúmulo de fezes endurecidas. Os principais sintomas são dores abdominais, mudança na frequência de evacuação, gases, febre e ardência ao urinar. A obesidade e o baixo consumo de fibras são fatores relacionados à doença, ou seja, uma dieta balanceada pode ajudar na prevenção e na melhora do quadro.
Síndrome do Intestino Irritável (SII): É uma desordem no intestino que tem como sintomas tanto prisão de ventre como diarreia. As causas diferem em cada caso, porém alguns pacientes têm mais sensibilidade a certos alimentos e
ao estresse. Para verificar se apresenta a doença, é preciso realizar exame clínico com base no histórico médico e o tratamento se dá através de medicamentos e orientação alimentar.
Alergia ao glúten e intolerância à lactose: Essas doenças atingem o intestino, uma vez que não consegue processar devidamente os alimentos por causas distintas. No caso do glúten, os portadores da doença celíaca – de origem autoimune – sofrem com a inflamação crônica da mucosa do intestino delgado ai consumir a proteína. Isso provoca má absorção dos nutrientes, além de inchaço e dor na barriga, diarreia crônica, prisão de ventre, entre outros. Já o leite possui lactose, um tipo de açúcar que precisa de uma enzima (lactase) para ser digerida. Quando isso não acontece, a lactose é conduzida ao intestino, onde é fermentada por bactérias, causando gases, náuseas, desconforto abdominal, indigestão e diarreia. Quem possui essas restrições deve procurar acompanhamento nutricional.
Texto: Redação Alto Astral
Consultoria: Eduardo Antonio André, gastroenterologista
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