Com o avanço da vacinação em massa contra o coronavírus no Brasil, a atenção com outros tipos de doenças e imunizações voltou à tona. O papilomavírus humano, conhecido popularmente por HPV, está, depois do câncer de mama, no topo das preocupações relacionadas à saúde feminina. Não é à toa: essa é a IST (infecção sexualmente transmissível) que mais afeta as mulheres e, segundo dados do Ministério da Saúde, em algum momento da vida 75% da população feminina sexualmente ativa no país vai entrar em contato com o vírus. É uma informação preocupante, uma vez que o HPV pode provocar câncer de útero.
É válido ressaltar que muitas pessoas - homens também podem contrair o vírus - com HPV não desenvolvem nenhum sintoma, mas ainda assim podem infectar outros indivíduos pelo contato sexual. A principal forma de contágio é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada, mas é bom destacar que também pode haver transmissão durante o parto. Quem apresenta sintomas normalmente percebe verrugas nos órgãos genitais ou na pele circundante, que podem desaparecer por conta própria.
Vacina contra HPV
A vacinação contra o HPV é indicada antes do início da vida sexual. Por essa razão, a vacina faz parte do calendário do Ministério da Saúde para crianças e adolescentes. A recomendação é que as meninas recebam as duas doses entre 9 e 14 anos e os meninos entre 11 e 14 anos. Se seu filho(a) está nessa faixa etária, basta procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua casa.
Quanto antes o imunizante for aplicado, maior será a chance de se precaver e não desenvolver o tumor quando adulto. De acordo com um estudo inglês publicado pela revista científica The Lancet, as chances de uma pessoa quando recebe a imunização desenvolver qualquer tipo de tumor é bem menor quando comparado com pessoas que não foram vacinadas.
A oncologista Marcela Bonalumi explica que, além de prevenir o câncer de colo de útero, a imunização contra o HPV combate também o de vulva, de ânus e vagina nas mulheres. No entanto, outras maneiras de prevenção e acompanhamento também são fundamentais. “Combinada à vacinação, a realização do exame de rotina ginecológica Papanicolau dos 25 aos 64 anos de idade é um meio importante para tratar as lesões pré-cancerosas ou agir rapidamente contra o câncer do colo do útero”, explica.
Ainda que as mulheres estejam vacinadas é necessário fazer o Papanicolau pelo menos uma vez ao ano, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos de HPV. “A proteção vacinal cobre os papilomavírus humanos dos tipos 6 e 11, que causam verrugas genitais, e 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero", completa a especialista.
Fontes: Saúde em Dia, Marcela Bonalumi, oncologista do CPO Oncoclínicas, The Lancet, INCA (Instituto Nacional do Câncer) e Ministério da Saúde.