Com a chegada do inverno, a incidência de doenças respiratórias, alergias, ressecamento da pele e queda na imunidade tendem a aumentar. É nessa época que os consultórios médicos registram alta no número de atendimentos — especialmente entre crianças, idosos e pessoas com histórico de alergias ou baixa imunidade. Por isso, manter hábitos saudáveis e fazer pequenas adaptações na rotina podem fazer toda a diferença para atravessar a estação com mais bem-estar. Abaixo, especialistas trazem os principais cuidados com a saúde nesse período para evitar problemas.
Cuidados com as crianças
Os atendimentos pediátricos aumentam significativamente no inverno impulsionados por doenças como gripes, resfriados, bronquiolite, sinusite, asma e infecções de ouvido. Segundo a pediatra Renata Castro, “o frio favorece ambientes fechados e pouco ventilados, o que facilita a transmissão de vírus. Além disso, a baixa umidade resseca as vias respiratórias, o que deixa as crianças mais vulneráveis a infecções”, alerta.
Para proteger os pequenos, a médica recomenda atenção especial à vacinação. “Muitos quadros graves poderiam ser evitados com a simples atualização do cartão de vacinação. Gripe e COVID-19 são infecções respiratórias que podem ser prevenidas com vacinas”, reforça. Outro cuidado importante é a ventilação dos ambientes. Apesar da tentação de manter janelas sempre fechadas, a médica lembra que “é essencial ventilar os ambientes onde as crianças dormem e brincam. O ar renovado diminui a concentração de vírus”.
Na hora de agasalhar, o ideal é vestir as crianças em camadas, com roupas que possam ser retiradas com facilidade. “Agasalhar é importante, mas em excesso pode causar superaquecimento e até brotoejas”, alerta Renata. Além disso, ela alerta para os perigos escondidos nos próprios itens usados para aquecer. “Cobertores com pelos soltos podem desencadear crises alérgicas. Prefira roupas de cama antialérgicas e mantenha a higiene dos itens com frequência.”
Hidratação e alimentação
No inverno, a hidratação não pode ser negligenciada, mesmo que a sensação de sede diminua com o frio. “A ingestão de água ajuda a manter as mucosas hidratadas e fortalece a imunidade”, explica a pediatra. Em regiões mais secas, o uso moderado de umidificadores e a lavagem nasal com soro fisiológico também são aliados.
A alimentação também deve ser estratégica nesse período. Frutas, legumes e alimentos ricos em vitaminas A e C ajudam a fortalecer o organismo. Outra opção são as sopas, que também podem ser grandes aliadas da saúde, desde que os ingredientes sejam bem escolhidos.
A nutricionista Vanessa Costa orienta que creme de leite, queijos amarelos e embutidos como bacon e calabresa aumentam o valor calórico da refeição. Por isso, ela recomenda legumes como abóbora, cenoura, chuchu, couve-flor e abobrinha, pois têm poucas calorias e são ricos em fibras. “Você pode substituir a batata inglesa por batata-doce, inhame ou mandioquinha, que têm índice glicêmico mais equilibrado”, indica.
Para manter a cremosidade sem usar creme de leite, a dica é usar biomassa de banana verde ou couve-flor cozida batida. “Uma porção média de sopa com vegetais e proteína magra pode ter entre 150 e 250 calorias. Já uma sopa com ingredientes mais pesados pode ultrapassar 400 calorias facilmente”, indica a médica. Para dar sabor sem pesar, aposte em temperos naturais como alho, cebola, gengibre, cúrcuma e pimenta-do-reino.
Riscos de alergias
As baixas temperaturas também representam um desafio para quem sofre com alergias respiratórias. A alergista e imunologista Brianna Nicoletti destaca que o frio atua como gatilho para o agravamento de doenças alérgicas como rinite, asma e sinusite. “Durante o outono e o inverno, é comum mantermos ambientes mais fechados para evitar o frio, o que favorece a concentração de ácaros, mofo e vírus respiratórios. Além disso, o ar seco e gelado irrita as vias aéreas e pode desencadear ou agravar crises alérgicas e inflamatórias”, explica.
A médica alerta que, em pessoas com asma, a exposição ao ar frio pode causar broncoconstrição, dificultando a respiração. “Em pessoas com asma, isso pode provocar falta de ar e chiado no peito. Já nos quadros de rinite, o nariz entupido e os espirros se intensificam com a mudança de temperatura e o contato com alérgenos acumulados”. Além disso, roupas guardadas por muito tempo e cobertores não higienizados também merecem atenção. “Esses tecidos acumulam poeira e ácaros, os principais vilões das crises alérgicas”, reforça Brianna.
Cuidados com a pele
O clima frio e seco também interfere diretamente na saúde da pele. A dermatologista Silvia Quaggio explica que a menor umidade do ar, associada ao uso de aquecedores e banhos quentes, compromete a hidratação natural da pele, favorecendo o ressecamento, a irritação e até quadros de dermatite.
“No inverno, a combinação de temperaturas baixas, menor umidade do ar e ambientes fechados com aquecimento favorece a perda de hidratação natural da pele. Isso pode levar a descamação, vermelhidão e até coceira, especialmente em peles mais sensíveis”, esclarece.
Outro cuidado é com a proteção aos raios solares. Mesmo nos dias nublados ou com menor exposição solar, a especialista reforça que o uso do filtro solar não deve ser abandonado. “Os raios ultravioletas continuam presentes e podem causar danos. A proteção solar deve ser mantida o ano inteiro”, alerta.