Uma das queixas que os ginecologistas mais ouvem no seu dia a dia é o tal do “corrimento vaginal”. Ele pode ser de diferentes cores, odores, cheiros e consistências, mas sempre causa uma certa preocupação nas mulheres por poder ser sintoma de alguma doença.
Quando o líquido é branco ou transparente, sem cheiro e não causa irritação ou coceira, costuma ser comum e não está necessariamente ligado a alguma enfermidade. Porém, há casos nos quais ele pode sim ser indicação de algum problema ginecológico. E, no verão, alguns desses causadores do corrimento se tornam mais frequentes, então a atenção deve ser redobrada.
Segundo o ginecologista e obstetra Paulo Henrique Di Rocco Santos, o melhor, nesses casos, é buscar um especialista para entender a fonte do problema e qual o tratamento indicado. “Ao realizar exame físico associado à informação da paciente, conseguimos identificar de qual agente aquele corrimento se trata”, diz o médico do Núcleo M – Centro Médico da Mulher.
Principais causas de corrimento no verão
As causas mais comuns no verão, de acordo com Paulo Di Rocco, são candidíase, vaginose, trichomonas e clamydia. As suas características diferenciadoras são:
- Candidíase: infecção provocada por fungos, principalmente a Cândida albicans. O corrimento nessa enfermidade costuma ser branco e em grumos, lembrando a nata do leite. Seus outros sintomas incluem coceira na vagina e no canal vaginal, ardor local para urinar e dor durante as relações sexuais.
- Vaginose: a vaginose é normalmente causada por bactérias que aparecem quando há um desequilíbrio da microbiota vaginal. Em parte dos casos, não surgem sintomas. Todavia, quando eles existem, incluem coceira ou odor na vagina. Já o corrimento é de cor amarela, branca ou cinza e tem um cheiro desagradável.
- Trichomonas: essa infecção sexualmente transmissível (IST) ocorre por conta do protozoário Trichomonas vaginalis. Provoca corrimento vaginal amarelado, amarelo esverdeado ou acinzentado de odor desagradável, coceira genital e dor ao urinar.
- Clamídia: essa IST é a mais comum de todas e quem a causa é a bactéria Chlamydia trachomatis. O corrimento, nesse caso, é amarelado ou claro. Demais sintomas incluem sangramento espontâneo ou durante as relações sexuais e dor ao urinar e/ou durante as relações sexuais e/ou no pé da barriga.
Segundo Paulo Di Rocco, cada uma dessas doenças surge por motivos diferentes. Entretanto, questões como má higiene pessoal, relação sexual sem camisinha, uso de duchas vaginais, uso esporádico ou regular de substâncias vaginais (desodorantes íntimos, por exemplo), vestuário inadequado e o uso de anticoncepcionais hormonais são os principais gatilhos para elas.
“Não podemos esquecer ainda, que alguns desses corrimentos têm relação estreita com patologias sistêmicas como diabetes ou ainda uso drogas imunossupressoras e antibióticos de amplo espectro”, complementa o ginecologista. O tratamento vai depender de problema encontrado e deve ser prescrito de forma individual.