A endometriose é uma doença ginecológica crônica que atinge muitas mulheres em idade reprodutiva. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a endometriose afeta cerca de 190 milhões de mulheres em todo o mundo. Somente no Brasil, a doença afeta mais de 7 milhões. É caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao endométrio (camada que reveste o útero) fora do órgão. Como resultado, ele pode atingir ovários, trompas de falópio, intestino e outros órgãos da pelve ou mesmo crescer fora dela.
Um estudo realizado no Hospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, com dados de mais de 300 mil mulheres, revelou que a endometriose aumenta em 35% o risco de infarto e em 20% a probabilidade de acidente vascular cerebral (AVC). O ginecologista Walter Pace explica que a endometriose é uma doença evolutiva e o diagnóstico tardio pode trazer complicações para a mulher.
“À medida que a doença vai se agravando, pode causar lesões e acometer outras áreas, tais como os nervos da região pélvica, a bexiga, o intestino, e pode, inclusive, afetar regiões à distância, a exemplo do pericárdio e do diafragma”, revela o médico professor doutor em ginecologia e titular da Academia Mineira de Medicina.
Sintomas da endometriose
Os sintomas da endometriose podem se manifestar de forma diferente em cada mulher, mas alguns sinais são recorrentes. Entre os mais comuns estão dores intensas durante a menstruação, desconforto durante a relação sexual, alterações no funcionamento intestinal e urinário, cansaço, fadiga, inchaço abdominal, entre outros. Além disso, a doença é uma das principais causas de infertilidade.
Consequências do diagnóstico tardio
Na maioria dos casos, o diagnóstico da endometriose envolve uma combinação de fatores: avaliação clínica direcionada, exames laboratoriais, ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética. Após o diagnóstico clínico e por imagem, a laparoscopia (procedimento cirúrgico feito na região do abdômen) auxilia na confirmação da doença, tendo a função de eliminá-la.
O atraso em detectar a endometriose pode levar a complicações sérias, como o comprometimento de órgãos vizinhos e à distância. Ademais, o impacto emocional e psicológico da dor crônica pode comprometer significativamente a qualidade de vida da mulher. Por isso, é importante buscar ajuda de um especialista ao primeiro sinal de anormalidade.
“Existe uma normatização de sintomas da mulher, como cólica, dor da menstruação e dores abdominais. E quando a maioria desses pacientes têm essas queixas, elas não procuram o especialista em endometriose, procuram outros médicos, que nem sempre conseguem diagnosticar a doença. E essa espera pode ocasionar sérios problemas à paciente”, revela Walter Pace.
Tratamento da endometriose
A endometriose não tem cura definitiva, mas com acompanhamento adequado e tratamento individualizado, é possível controlar os sintomas e proporcionar bem-estar às mulheres. O tratamento da endometriose depende da situação e dos sintomas apresentados.
Dentre as principais abordagens estão o uso de medicamentos hormonais, analgésicos e anti-inflamatórios, cirurgia laparoscópica e mudanças no estilo de vida. Há também substâncias que tratam de maneira bem eficaz a doença, a exemplo dos implantes de nestorone e da gestrinona, que devem ser utilizados somente sob prescrição médica.
Já do ponto de vista cirúrgico, a medicina tem apresentado avanços significativos. O ginecologista menciona técnicas como a videolaparoscopia 3D, que corresponde a um sistema de imagens que oferece uma visão mais nítida da anatomia do paciente, e até mesmo robôs que auxiliam os médicos durante as cirurgias, com melhores resultados em relação à extirpação completa da doença.