A carne é uma proteína tradicional na mesa de muitas famílias. Fonte de zinco, ferro, proteínas e vitaminas do complexo B, há quem diga que seja insubstituível. Mas consumir carne em excesso pode acarretar sérios problemas de saúde. Inclusive, o risco é ainda maior quando se consome carnes vermelhas processadas e embutidas, como salsichas, salame, chouriço e presunto, por exemplo.
“Quando esses alimentos são consumidos diariamente e em excesso, principalmente aqueles com teor de gordura alto, podem causar problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, principalmente”, conta Diandra Perez Moura, nutricionista da unidade AmorSaúde de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
De acordo com ela, essas carnes contêm altos níveis de sódio, conservantes e outros aditivos químicos prejudiciais à saúde. Além disso, o excesso de carne vermelha, associada à baixa ingestão de frutas e vegetais pode enfraquecer o organismo e o sistema imunológico. Assim, comer menos carne pode prevenir a ocorrência de certas doenças. “Pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares, ajudar no controle do peso, na melhoria da saúde digestiva e promover um menor risco de câncer”.
O responsável técnico do AmorSaúde, Alexandre Pimenta, detalha que priorizar os vegetais na alimentação previne doenças crônicas. “Dietas à base de vegetais tendem a ser mais ricas em fibras, antioxidantes e fitonutrientes, que ajudam a regular o metabolismo da glicose e a reduzir a inflamação, contribuindo para a prevenção do diabetes tipo 2. Assim, a diminuição do consumo de carne não só melhora a saúde cardiovascular, mas também promove um melhor controle glicêmico”, explica.
Impacto no meio ambiente
Se reduzir o consumo de carne já contribui para saúde, para o meio ambiente essa atitude pode ser ainda mais benéfica. Isso acontece pois a pecuária, atividade de criação de gado, está intimamente ligada à destruição de biomas e vegetação nativa. Dados do Mapbiomas indicaram que, em 2022, 95,7% do desmatamento teve como principal mote a agropecuária.
Conforme apresenta o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em relação à emissão de gases de efeito estufa (GEE), a pecuária foi responsável por 27% das emissões do país em 2020, sendo o segundo setor que mais emite gases danosos à camada de ozônio no país.
A redução da carne na alimentação pode acarretar na transformação na cadeia consumidora do produto. “Ao reduzir a demanda por carne, podemos diminuir a pressão sobre os ecossistemas, promovendo práticas agrícolas mais sustentáveis e preservando habitats naturais. Isso não só ajuda a mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas também contribui para a conservação de recursos para as futuras gerações”, afirma o médico.
Como aderir à dieta vegetariana
Mesmo com benefícios comprovados, a aderência à dieta vegetariana pode ser um desafio para muitas pessoas. Em 2018, cerca de 14% da população era vegetariana, segundo levantamento realizado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e pelo Ibope. Ligadas à motivação ecológica e aos impactos da pecuária sobre o meio ambiente, campanhas como a “Segunda Sem Carne” estimulam a diminuição do produto pelo menos uma vez na semana.
Exemplos como esse podem representar um pontapé inicial para as pessoas repensarem seu consumo de carne e optar pelo flexitarianismo. Dietas flexitarianas, ou seja, que priorizam vegetais e mantêm refeições pontuais com alimentos de origem animal, ajudam quem quer reduzir o consumo, mas tem dificuldade de adaptação, funcionando como um modo de transição para o vegetarianismo.
“É importante que a pessoa comece a adicionar mais vegetais a suas refeições, substituindo aos poucos a carne por versões vegetarianas, como tofu”, aconselha Diandra. Outra estratégia recomendada pela profissional é experimentar versões vegetarianas de hambúrguer, além de retirar gradualmente as carnes da dieta, podendo começar pela vermelha e depois as brancas, por exemplo.
Suplementação de vitamina B12
A vitamina B12 é um dos micronutrientes que são encontrados em quantidade expressiva em alimentos de origem animal. Ela é responsável por metabolizar carboidratos, ácidos graxos, sintetizar proteínas, bem como está relacionada à manutenção do sistema nervoso, produção de energia e desenvolvimento de hemácias. Por esse motivo, é essencial que vegetarianos (aqueles que não comem carne, porém consomem ovos e laticínios) e veganos (pessoas que não consomem nada de origem animal) façam a suplementação correta.
“Eles podem suplementar a vitamina B12 por meio suplementos orais encontrados em comprimidos e cápsulas, comprimido sublingual. Aqueles que não gostam de engolir comprimidos podem optar por injeções de B12, alimentos fortificados, a exemplo de alguns cereais, leites vegetais e produtos à base de soja que são enriquecidos com B12”, explica a nutricionista.