A realização do pré-natal é essencial para acompanhar o crescimento e desenvolvimento do bebê, além da saúde da gestante. Por meio das consultas e exames regulares é possível identificar precocemente algumas doenças graves, como a hérnia diafragmática congênita (HDC).
“Eu nunca tinha ouvido falar dessa doença. Moro em Uberlândia (MG) e, durante um exame de ultrassom na 31ª semana, identificaram a hérnia. Inicialmente não sabíamos exatamente qual a gravidade do problema”, conta Fernanda Souza Alves de Oliveira Silva, mãe da pequena Eloah Souza Oliveira Justino, que agora tem sete meses de vida.
A hérnia diafragmática congênita ocorre quando o músculo do diafragma (que separa o tórax do abdômen) não se fecha corretamente, ainda em fases muito iniciais do desenvolvimento do embrião, no começo da gravidez.
“Isso faz com que os órgãos do abdômen cresçam dentro do tórax, prejudicando o desenvolvimento dos pulmões, o que diminui muito as chances de sobrevida pós-natal dessas crianças”, explica Dr. Fábio Peralta, coordenador da equipe de Medicina Fetal e de Cirurgia Fetal da Maternidade São Luiz Star, da Rede D’Or.
Cerca de 70% dos casos acontecem de forma isolada, ou seja, não há uma causa genética identificável nem outras alterações anatômicas associadas. “É uma alteração que acontece acidentalmente durante o desenvolvimento do bebê”, completa o especialista.
Cirurgia ajudou a corrigir o problema
Diante da hipótese de diagnóstico de hérnia diafragmática congênita, Fernanda e o marido, Gilmar Justino Silva, foram orientados a buscar um hospital especializado no problema, a Maternidade São Luiz Star, localizada na zona sul de São Paulo.
“Inicialmente viemos para fazer apenas um exame, e acabamos ficando mais de dois meses. Ao confirmar o diagnóstico, mesmo com a gestação já avançada, os médicos decidiram fazer a cirurgia com a Eloah ainda na barriga. Havia riscos, mas o procedimento salvou a vida dela”, lembra a mãe.
Nesta primeira intervenção é colocado um balão na traqueia do bebê para estimular o crescimento dos pulmões. O ideal é que isso ocorra ainda no segundo trimestre. Geralmente, após o nascimento, existe também a necessidade de uma série de cuidados muito específicos.
“Foi um processo muito difícil, mas foram vitórias atrás de vitórias. Nos mantivemos fortes e fizemos tudo o que foi possível”, celebra Fernanda, que tem outras duas filhas, Sarah e Pietra, de 13 e 6 anos de idade.
De acordo com Fábio, o procedimento intrauterino, seguido de tratamento no nascimento e no período neonatal, aumenta consideravelmente a chance de sobrevida dos bebês com hérnia diafragmática congênita.
“Não podemos esquecer também do papel primordial da realização correta do pré-natal, para identificação precoce desta e de outras anomalias congênitas. Com exame de ultrassonografia no primeiro trimestre, com uma equipe capacitada, já é possível identificar o problema e começar a adotar as medidas necessárias para garantir a melhor atenção ao bebê”, ressalta o médico.