Na próxima quarta-feira, dia 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Essa data é muito importante para educar as pessoas sobre essa neurodivergência e ajudar no seu diagnóstico correto e cada vez mais cedo. Porém, mesmo com a maior conscientização sobre o tema nos últimos tempos, muitas pessoas ainda têm um diagnóstico tardio.
Isso não ocorre apenas com o autismo, inclusive, uma vez que outras neurodivergências, como o TDAH, sofrem do mesmo problema. Os diagnósticos tardios são especialmente comuns em mulheres. Mas por quê?
Primeiramente, é preciso entender que o termo neurodivergente refere-se à condição em que indivíduos possuem funcionamento cerebral diferente do padrão considerado neurotípico – ou seja, pessoas não diagnosticadas com transtornos psíquicos. Essa abordagem busca reconhecer a diversidade cognitiva, incluindo o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, entre outros.
Tanto nas mulheres quanto nos homens, os primeiros sinais costumam surgir na infância. É nesta fase que as meninas costumas ser rotuladas como “distraídas”, ansiosas ou simplesmente emotivas. Isso pode até levar a problemas de autoestima, quadros de exaustão mental, depressão e até burnout.
A seguir, entenda melhor a neurodivergência em mulheres e o porquê de seu diagnóstico ser, muitas vezes, tardio:
Neurodivergência em mulheres
Por décadas, os critérios diagnósticos para condições neurodivergentes foram baseados em estudos com predominância masculina. Isso levou a um modelo que não abrange as particularidades das mulheres.
Isso porque, na maior parte dos casos, meninos com TDAH, por exemplo, apresentam sintomas mais visíveis, como hiperatividade e impulsividade. Já no caso das meninas, o padrão de comportamento costuma variar, como distração excessiva, ansiedade e dificuldade de organização.
Algo parecido ocorre com o autismo (TEA), uma vez que os padrões de comportamento também são diferentes. Muitas mulheres autistas desenvolvem estratégias de “camuflagem social”, aprendendo a imitar determinados padrões sociais para evitar exclusão ou discriminação. Essa situação pode ocasionar esgotamento emocional e aumentar a vulnerabilidade a transtornos como depressão e ansiedade.
“Normalmente, as mulheres com autismo e TDAH relatam sentimentos de inadequação constante, pois cresceram ouvindo que deveriam se esforçar mais para se encaixar nos padrões sociais. Essa cobrança excessiva e a falta de reconhecimento de suas dificuldades afetam à saúde mental e a qualidade de vida, explica o Dr. José Guilherme Giocondo, médico psiquiatra, especialista em autismo e TDAH.
Nos últimos tempos, houve um grande avanço nas pesquisas sobre a neurodivergência, o que ajudou que mais mulheres conseguissem entender as suas condições. Contudo, ainda há o que se melhorar nesse sentido.
“A neurodivergência em mulheres ainda carece de maior compreensão e visibilidade. O reconhecimento das especificidades femininas dentro do espectro neurodivergente é essencial para garantir que essas mulheres tenham acesso a diagnósticos mais precisos e a garantia de suporte necessário”, revela Giocondo.
