A educação financeira, ainda em idade escolar, é muito importante para as crianças. Ela ajuda a criar jovens e adultos que sabem lidar melhor com o seu dinheiro e não se metem em enrascadas financeiras com tanta facilidade.
Uma pequisa recente do SPC Brasil mostrou que 46% dos indivíduos entre 25 e 29 anos estão endividados e inadimplentes. Para reverter esse quadro, são necessárias medidas urgentes que ensinem desde cedo esse cuidado com as finanças.
Inclusão do assunto nas escolas
Em julho deste ano, foi anunciada a reformulação do ensino médio no Estado de São Paulo para o ano letivo de 2024. Nela, a Secretaria de Educação (Seduc-SP) decidiu reduzir o total de itinerários formativos e inseriu novas disciplinas na grade escolar, como Educação Financeira.
“Um adulto despreparado para lidar com dinheiro sofre por anos com escolhas erradas, endividamento, ansiedade e até problemas relacionados à vida profissional e relacionamentos. As escolas precisam incluir uma educação financeira contextualizada e que prepare as crianças não apenas tecnicamente, mas principalmente ofereça recursos para que essas crianças cresçam preparadas para enfrentar o desafio de gerar e gerir o próprio dinheiro”, ressalta a educadora financeira Aline Soaper.
A especialista é criadora do EfincKids, uma metodologia de ensino de educação financeira que já tem sido usada nas escolas.
Mas como essa educação financeira pode ser ensinada para os pequenos, tanto na escola quanto em casa? Veja a seguir dicas que podem ajudar.
A educação financeira nas escolas
Segundo a diretora da Trinity Christian School, Talita Verling, o propósito da escola ao utilizar metodologias como a EfincKids é preparar os alunos para os desafios que terão na vida adulta.
“O papel da instituição de ensino é preparar o aluno para a fase adulta. E acreditamos que o conhecimento em finanças pessoais ainda na infância é fundamental para formar cidadãos que saibam controlar seus gastos, poupar e investir”, explica.
Mas, para isso, não basta simplesmente explicar os conceitos de forma direta para os pequenos. Para que eles realmente entrem na mente das crianças é necessário usar técnicas lúdicas e divertidas.
“Em uma de nossas turmas do ensino fundamental, por exemplo, incentivamos os nossos alunos a colocar em uma cápsula do tempo seus sonhos, estimulando os mesmos a pensar no futuro. Já em outra turma, fizemos um debate para mostrar para os nossos alunos como podemos economizar dinheiro”, exemplifica Talita.
E isso realmente parece ter resultados. A carioca Andreia Araújo, que tem sua filha matriculada no colégio Trinity Christian School, por exemplo, notou mudanças no comportamento da filha adolescente Maria Eduarda, de 15 anos.
“Com as aulas, ela simplesmente despertou para a necessidade de organizar parte da mesada para seu uso pessoal no dia a dia, e guarda outra parte para uma futura emergência; e, ainda, outra parte foi aplicada a curto e médio prazo. Tudo pensado sobre riscos de perda, inflação e juros; para que satisfaça um projeto pessoal em breve. Na escola, ela está imersa em um projeto de empreendedorismo na produção e vendas de cookies”, conta.
E em casa?
Em casa, os pais e responsáveis também podem ajudar muito na educação financeira dos filhos. Veja algumas dicas para isso:
- Comece a conversar sobre os pequenos sobre dinheiro desde cedo, sempre adaptado para a linguagem da idade.
- Ensine de onde vem o dinheiro.
- Envolva o pequeno nas compras da família.
- Dê uma mesada mensal para ele aprender a lidar com o seu dinheiro, deixando-o decidir o que fazer com ele.
- Mostre como o dinheiro gera escolhas e a diferença entre necessidade e desejo.