Com a alta dos juros, o consórcio de carros tem ganhado cada vez mais popularidade entre os brasileiros como alternativa para a compra de veículos. De acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), houve um crescimento de 15,1% nas cotas vendidas de janeiro a maio de 2025 e o volume de créditos comercializados superou os R$ 56 bilhões, aumentando em quase 13% na comparação com o acumulado do mesmo período em 2024.
Ao contrário do financiamento, em que o consumidor recebe o carro de imediato e paga parcelas com juros, o consórcio é uma compra programada em grupo, na qual várias pessoas se unem com o objetivo de adquirir um veículo. Dessa forma, elas pagam mensalmente uma parcela, usada para formar um fundo comum. Esse fundo é utilizado para contemplar um ou mais participantes por meio de sorteios ou lances.
Para quem não tem como comprar à vista e deseja driblar os juros, o consórcio de carros é uma alternativa de médio a longo prazo, mas é preciso estar ciente das particularidades e de como funciona essa modalidade, alerta o especialista Cléber Gomes, CEO e sócio-fundador da Maestria, empresa especializada em consórcio e produtos financeiros.
“O consórcio é ideal para quem não tem pressa, tem disciplina e sabe exatamente o que está contratando. Para acelerar a contemplação, o ideal é se programar financeiramente para fazer lances mensais. Essa é a melhor estratégia para quem não quer contar apenas com a sorte”, explica o profissional, que selecionou os principais pontos para avaliar antes de assinar um contrato de consórcio de automóvel e fugir de armadilhas:
1. Pesquise a administradora
Verifique se a administradora do consórcio é autorizada e fiscalizada pelo Banco Central. A lista oficial está disponível no site do próprio BC. Empresas que prometem uma data exata para essa contemplação devem acender um sinal de alerta. Ela é sim garantida dentro do período de contratação, mas não existe um prazo definido para o cliente conseguir essa carta dentro dos primeiros meses, por exemplo.
2. Analise as taxas com atenção
O consórcio não cobra juros como financiamento, mas existem outros encargos envolvidos, como taxa de administração, geralmente entre 10% e 20% do valor total do crédito, e fundo de reserva, usado para cobrir inadimplências e emergências, cobrada por algumas empresas. “O consórcio tem uma taxa de administração definida em contrato, mas é diluída ao longo do período. Ainda assim, é uma possibilidade bem mais econômica do que o financiamento”, explica Cléber.
3. Leia o contrato com atenção
Antes de assinar, peça uma cópia do contrato e leia cada cláusula com atenção, principalmente aquelas relacionadas a:
- Prazo de duração do grupo;
- Critérios de contemplação;
- Multas por desistência ou inadimplência;
- Possibilidades de reajuste do crédito.
“O contrato de consórcio é um documento técnico e complexo para algumas pessoas. Evite surpresas desagradáveis ao longo do caminho e busque orientação com um consultor financeiro ou advogado”, alerta o especialista.
4. Tenha estratégia para o lance
Para quem tem dinheiro guardado e pretende ser contemplado por lance, pergunte à administradora qual é a média de vencedores nos últimos meses e se há opção de lance embutido, ou seja, usar parte da carta de crédito. Essa informação ajuda a montar uma estratégia realista.