O debate sobre a redução da jornada de trabalho tem avançado em vários países do mundo. Recentemente, o Congresso chileno aprovou uma uma lei que reduz a semana de trabalho de 45 para 40 horas. Já o Brasil sediará entre junho e dezembro deste ano um experimento que testará o modelo de trabalho semanal de quatro dias. A iniciativa é uma parceria entre a organização 4 Day Week, que conduz testes globais sobre a carga horária reduzida, e a brasileira Reconnect Happiness at Work.
O presidente da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos) Paulo Sardinha explica que esta discussão “gira em torno da ideia de que a redução da jornada de trabalho poderia trazer melhorias para qualidade de vida dos trabalhadores” e aumentar a sua produtividade. Porém, para ele, o tema é controverso, pois como cada empresa possui a sua realidade, a implementação de uma semana de trabalho de quatro dias poderá trazer implicações para as empresas e também para a competitividade do país.
“Quatro dias de produtividade ainda será algo menor do que cinco dias com a mesma produtividade, do ponto de vista da competitividade, principalmente no âmbito internacional”, aponta o presidente.
Preservação dos salários
No experimento que será realizado no Brasil, os funcionários das empresas participantes terão a jornada de trabalho reduzida para 32 horas semanais, sem redução dos salários. O último país a realizar o teste da semana de quatro dias úteis foi o Reino Unido, onde 92% das empresas que participaram decidiram manter o modelo após o período de testes.
“Atualmente, se discute um modelo em que a redução da jornada seria implementada sem a correspondente diminuição proporcional do salário, desde que fossem mantidos os índices de produtividade. Há ainda a questão de que não haveria a redução dos encargos trabalhistas. E, por conta disso, sérios e negativos impactos na base de custos”, avalia Sardinha.
Tendência global
A proposta de redução da jornada de trabalho já foi testada em alguns países como Bélgica, Islândia e Suécia, além do Reino Unido. Os Emirados Árabes Unidos foram o país pioneiro na redução no número de dias de trabalho. Por lá, todos os funcionários de órgãos públicos colaboram com apenas 36 horas semanais, divididas em quatro dias úteis.