Desde que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi descrito pela primeira vez, em meados dos anos 1940, pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner, ocorreram diversas mudanças de nomes e critérios de diagnósticos. Se você tem na mente aquela imagem de que o autista vive “no seu próprio mundo”, é hora de deixar essa concepção de lado.
Como o autismo é um espectro, vários níveis de funcionamento e transtornos são englobados dentro da mesma denominação, envolvendo desde as características não verbais quanto as verbais.
Como o autismo é descrito nos manuais?
Durante muito tempo, o Transtorno Autista e a Síndrome de Asperger eram descritas separadamente nos manuais de psiquiatria. Tanto nos casos descritos por Kanner quanto os de Asperger, médico vienense que deu nome à síndrome, haviam movimentos, atividades ou interesses repetitivos e dificuldades na comunicação e interação social. A principal diferença é que, no último caso, os prejuízos na comunicação eram menores. Essa divisão, porém, “gerava confusões nos diagnósticos, já que eram características tão parecidas”, explica a psicóloga Ana Carla Vieira, especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo e mestre em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem.
Atualmente, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é um dos materiais mais importantes para a psiquiatria na descrição de nomes e características psicopatológicas. Na última edição, lançada em 2013, houve uma mudança na área do autismo: as condições que possuíam sintomas parecidos foram unidas no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista.
Quais são as características do Transtorno do Espectro Autista?
A psicóloga Ana Carla Vieira conta que as duas principais características do transtorno são:
• Prejuízos persistentes na comunicação e na interação social em diferentes contextos, em comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social e para desenvolver, manter e compreender relacionamentos;
• Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, insistência nas mesmas coisas e adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento, além de reações extremas a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos ligados aos sentidos presentes no ambiente.
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TEXTO E ENTREVISTA: Karina Alonso / Colaboradora – Edição: Ricardo Piccinato
CONSULTORIA: Ana Carla Vieira, psicóloga, especialista em Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e mestre em psicologia do desenvolvimento e aprendizagem na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru (SP).