Vivemos uma realidade em que a informação se torna cada vez mais acessível para o grande público. Com isso, tornou-se possível absorver vários conteúdos a todo instante, seja sobre política em época de eleições, esportes durante competições e doenças quando se pensa estar com algum sintoma. Desse modo, se uma pessoa acha que está ficando doente, logo recorre à internet pesquisando pelo que está sentindo. Esse hábito gerou um novo termo referente à hipocondria da modernidade: a cibercondria.
O problema real da cibercondria é que diferentes enfermidades compartilham dos mesmos sinais, o que pode gerar uma preocupação desnecessária. Por exemplo, caso ela procure por “dor no lado direito do corpo” na web e encontre como resposta artigos relacionados ao câncer, pedra no rim e outras doenças mais graves, o quadro é, na verdade, apenas um desconforto muscular.
E essa prática pode se tornar um vício, uma vez que obter um diagnóstico em cinco minutos de pesquisa no Google é muito mais cômodo do que marcar uma consulta, ir ao médico e passar por uma avaliação completa. Assim, o indivíduo começa a achar sempre que está doente, desenvolvendo um quadro de hipocondria.
Além da cibercondria
De acordo com o psicólogo Odair Comin, “estatísticas mostram que pelo menos 5% da população sofre com a hipocondria. Muito vem do fato de a sociedade valorizar demasiadamente o corpo e, por consequência, a saúde”.
Hoje é possível encontrar remédios para muitos problemas de saúde. Ou, às vezes, nem são problemas de verdade, mas, pela necessidade de a indústria farmacêutica vender seus produtos, são veiculadas propagandas de medicamentos que mostram efeitos quase milagrosos sobre fatores que são ligados a uma saúde decadente.
São remédios para combater a tristeza, o sobrepeso, a ansiedade, entre outros, nos colocando como seres indefesos. “O que não é verdade, pelo contrário, é isso que acaba por deixar o indivíduo mais frágil e indefeso. Isso gera a necessidade de outros medicamentos, criando um ciclo vicioso sem precedentes e extremamente nocivo”, ressalta Comin.
Com isso em mente, é essencial destacar que, por mais eficaz que pareça na propaganda, nenhum medicamento deve ser consumido sem antes passar pelo diagnóstico profissional — seja um shake para emagrecer, um comprimido que combate o mal-estar em uma hora ou promete dar energia para passar o dia.
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Texto e entrevistas: Giovane Rocha/Colaborador – Consultorias: Odair Comin, psicólogo e especialista em hipnoterapia