O número de cirurgias mostra que colocar silicone é o desejo de consumo de muitas mulheres. Se você é uma delas, tire as dúvidas antes de investir no decote.
Mais do que eliminar as gordurinhas, as brasileiras querem é turbinar os seios. Trata-se da cirurgia mais realizada no Brasil. São 110 mil por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), batendo a lipoaspiração e até a cirurgia de abdômen.
Para se ter uma ideia do entusiasmo feminino, a cada cinco minutos é realizada uma cirurgia. O Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos, onde os seios são a preferência nacional. Se você é uma das que sonham em aumentar o tamanho da comissão de frente, é bom anotar algumas informações para não se arrepender depois.
Você sabia que há mais de 200 modelos de prótese no mercado, com diferentes tamanhos e formatos? E se tiver 20 anos, vai precisar trocar a prótese pelo menos mais duas vezes? Portanto, tire as principais dúvidas e tome a decisão com segurança.
Igual na novela
Muitas chegam ao consultório querendo os seios da atriz famosa, da amiga ou até com o número definido de tamanho. Infelizmente, a cirurgia não funciona dessa maneira. Cada corpo deve ser analisado de forma diferenciada.
A mulher diz o seu desejo e cabe ao médico tomar a decisão técnica, já que são mais de 200 modelos de diferentes tamanhos, texturas, formas, perfis e marcas. “A escolha do tamanho é só um dos itens a serem avaliados. O perfil da prótese, por exemplo, é uma decisão tão importante quanto a escolha do tamanho, já que é o responsável pelo formato das novas mamas”, explica o cirur-gião plástico Alexandre Barbosa, da Clínica de Cirurgia Plástica de São Paulo.
No perfil alto, por exemplo – o mais requisitado pela maioria das pacientes –, a prótese tem uma base menor e é mais alta, indicada para quem deseja maior projeção dos seios para frente. Também são levados em conta o peso, a altura, a largura do tórax e dos ombros e até a quantidade de pele.
Sim, há riscos
A maior eventualidade na cirurgia de aumento de mama é a contratura capsular, que nada mais é do que uma defesa natural do organismo. Quando a prótese é colocada no corpo, forma-se uma membrana fibrosa ao redor do implante.
O problema é quando esse tecido fica grosso, deixando os seios enrijecidos ou deformados e, em casos assim, também há o risco de sangramentos e até infecção. Hoje em dia, a incidência desse tipo de contratempo é menor, de 2 a 6%, dependendo do tipo de superfície da prótese.
“A tecnologia me-lhorou muito nos últimos anos. Hoje, as próteses são preenchidas com silicone coesivo, que parece uma gelatina e não se espalha. Aquelas que são feitas de espuma de poliuretano, por exemplo, apresentam os menores índices de contratura capsular (0,5%) entre as existentes no mercado”, explica a cirurgiã plástica Wanda Elizabeth Massiere Côrrea, coordenadora da Comissão de Silicone da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Há ainda a possibilidade de outras complicações, como aber-tura dos pontos, aparecimento de queloide e de hematomas, infecção e até choque anafilático. Com tantos riscos, não dá para vacilar na escolha do médico.
Verifique se o profissional é membro da Sociedade Brasi-leira de Cirurgia Plástica e só faça a operação em hospitais de confiança. É bom lembrar que os riscos dependem também da própria paciente, que precisa descansar e seguir as recomendações médicas. Que são muitas.
Tudo tem seu preço
Pensa que é fácil ficar bonita? Prepare-se para uma série de cuidados e restrições. Atualmente, o pós-operatório está mais simples, e, na maioria dos casos, a paciente pode voltar para a casa no mesmo dia.
No entanto, a mulher sente mais dores nas primeiras 48 horas e precisa de um dreno, retirado em um ou dois dias, para evitar acúmulo de secreções. Ou seja, banho de gato nos primeiros dias e, durante uma semana pelo menos, não dá para lavar o cabelo sozinha.
A volta ao trabalho pode ocorrer em 15 dias. E, no caso de pouco esforço físico, em até uma semana. É preciso usar cinta por 45 dias e a academia pode ser retomada após 60 dias. O resultado final só aparece entre três e seis meses, quando o inchaço desaparece completamente. E pode começar a turbinar também a poupança.
A cirurgia custa entre 4 e 15 mil reais, aproximadamente. As próteses atuais duram em média 20 anos, o dobro das antigas. No entanto, a visita ao médico deve ser feita após dez anos, para checar se não há realmente necessidade de troca.
Depois da prótese francesa
Desde o final de janeiro, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica criou um Cadastro Nacional de Implantes Mamários (CNIM) com o objetivo de rastrear todas as mulheres que implantaram ou retiraram próteses de silicone nas mamas.
A medida, que vinha sendo discutida há dois anos, tomou força por conta do problema da prótese de silicone da marca francesa Poly Implant Protheses (PIP), em janeiro de 2012. A sua venda foi suspensa por causa da má qualidade do silicone, que apresentou uma taxa de rompimento até cinco vezes maior do que as outras marcas.
“Se houvesse o cadastro antes, teríamos condições de localizar as mulheres que usaram o implante PIP e chamá-las para uma reavaliação”, diz Wanda Elizabeth Massiere Côrrea, coordenadora da Comissão de Silicone da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Agora, é correr atrás do prejuízo. E a favor da saúde.
Texto: Daniela Venerando