Além de transformar os cômodos da casa ou do apartamento em lugares bem diferentes ao entulhar objetos, os acumuladores tendem a ser confusos e indecisos. “Uma pessoa com sintomas de acumulador tende a ter uma fala meio desnorteada, não segue um foco específico”, afirma o psicólogo João Alexandre Borba.
Acumulador: sem energia para se relacionar
O indivíduo também não assume que está sofrendo e só se dá conta do que está acontecendo porque as pessoas ao seu redor estão ficando tristes por ele. E assim, começa a querer mudar ou vai se isolando cada vez mais. Por isso, os familiares e pessoas próximas são os primeiros a procurarem psiquiatras ou psicólogos para lidar.
O acumulador também vai se desgastando ao ter mais trabalho para realizar tarefas dentro de casa. Na cozinha, se o cômodo estiver abarrotado de objetos, fica mais difícil preparar um almoço do que se estivesse vazia. Dessa maneira, o indivíduo gasta mais energia para fazer uma simples tarefa doméstica. Por conta deste gasto desnecessário, o acumulador nem tem forças para se relacionar com outras pessoas, desenvolvendo a tendência de permanecer isolado.
O psiquiatra Rodrigo Pessanha ressalta que a negação ou a dificuldade em reconhecer sua própria condição também são elementos característicos da síndrome, além da recusa em aceitar a ajuda de terceiros.
Diagnóstico e tratamento
Não existe um teste específico para diagnosticar a acumulação compulsiva. Assim, é feita uma análise clínica, conversando com o paciente e seus familiares.
O tratamento deve “envolver medidas de suporte social, psicoterapia cognitivo-comportamental, além de medicamentos antidepressivos”, explica Rodrigo Pessanha. No entanto, de acordo como psiquiatra Marcelo Hoexter, o tratamento (que é basicamente o mesmo para o TOC) apresenta piores respostas em acumuladores que também possuem o transtorno obsessivo.
Pessanha ressalta que se trata de um transtorno neuropsiquiátrico que vem despertando interesse crescente na comunidade científica, pelo desafio em descobrir suas causas e estabelecer um protocolo de tratamento. Segundo o especialista, “há um longo caminho pela frente”.
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Texto: Érica Aguiar – Edição: Victor Santos
Consultorias: João Alexandre Borba, psicólogo; Marcelo Queiroz Hoexter, psiquiatra no Programa de Transtorno Obsessivo Compulsivo do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP); Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
Fonte: 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).